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terça-feira, 1 de agosto de 2017

Temer ante uma semana decisiva e a presidência em jogo

O presidente Michel Temer vai enfrentar esta semana outra prova de fogo para seu governo quando a Câmara de Deputados decidir se enviará ou não para o STF a acusação contra ele por corrupção.
Imagem da web
A oposição antecipou que tentará bloquear a sessão, deixando para a base aliada a obrigação de conseguir o quórum de 342 parlamentares necessários para votar, um reconhecimento de que não tem força suficiente para que a investigação avance.

"O governo não tem o número suficiente de deputados para abrir a sessão", disse à AFP o deputado Paulo Pimenta (PT).

"Todo dia nos chega uma nova informação de outros casos de corrupção envolvendo o governo. Quanto mais esse tipo de informação chegar à população e ao Parlamento, maior será a possibilidade de que tenhamos os votos necessários para tirá-lo [Temer] do governo", acrescentou.

O presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia (DEM), aliado do presidente, disse que espera que na quarta-feira haverá sessão e com a Casa cheia.

Temer ficou muito fragilizado depois que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o denunciou por pedir um suborno de 500.000 reais à JBS.

Temer, cuja popularidade é de 5% segundo uma pesquisa do Ibope, poderá ser suspenso por até 180 dias caso o processo chegue ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Nesse caso, Temer será substituído pelo presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia. E se, por fim, for declarado culpado e destituído, será realizada uma eleição indireta no Congresso para completar o mandato, que termina no final de 2018.

- Poucas chances -

A abertura da investigação, no entanto, parece difícil, graças à estreita aliança de Temer com o Congresso.

"Cinco partidos grandes já decidiram apoiar o presidente e só isso já soma 200 votos", disse um assessor da presidência, referindo-se ao cálculo que indica que se o governo conseguir 172 votos, incluindo ausências e abstenções, já não será possível chegar aos dois terços do total necessários para que o caso avance.

Mas a volatilidade do cenário político, a perda de coesão de sua base de deputados - chegou a contar com mais de 20 dos 26 partidos representados - já não deixam margem para euforias.

Maia disse que trabalhará para evitar adiamentos.

"O Brasil precisa de uma definição sobre esse assunto. Não se pode, do meu ponto de vista, jogar com um assunto tão grave", declarou Maia no fim de semana.

"Não se pode deixar o paciente no centro cirúrgico com a barriga aberta", acrescentou.

A oposição aposta que o governo vai pagar caro o desafio; tenta aumentar o número de deserções que já ocorreram com a acusação de Temer e espera que a Procuradoria-Geral da República (PGR) faça novas acusações ou que apareçam novas delações da trama de corrupção revelada pela Operação Lava Jato.

"O que não esta muito claro ainda é como será o cenário depois de uma eventual vitória do governo no plenário, porque não acredito que o governo vai ter muitos votos favoráveis. O governo vai ter que administrar sua base (...) mesmo ganhando", afirmou à AFP o deputado Marcos Rogerio (DEM), que votará a favor da continuidade por "razões éticas".

"O governo só terá uma votação não favorável se surgirem novas delações ou novas denúncias", acrescentou.

- Articulações -

Desde que chegou ao poder, em maio de 2016, Temer conseguiu sobreviver às intempéries, apesar de ser o presidente menos popular desde a volta da democracia ao país, em 1985, tendo apenas 5% de aprovação, segundo o Ibope, e a rajada de acusações de corrupção custou a ele a perda de seis assessores de primeiro escalão e outros oito ministros investigados pelo escândalo do Petrolão.

Em junho, além disso, escapou de um processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de uma cassação de sua chapa com a presidente destituída Dilma Rousseff.

Conhecedor profundo do terreno onde pisa, Temer se colocou à frente da batalha e se reuniu nas últimas semanas com dezenas de congressistas até conseguir que uma comissão que estudou seu caso emitisse um parecer favorável ao arquivamento. A decisão não é vinculante, mas deu a ele uma vitória não isenta de polêmica que pode ser fundamental.

O partido Rede denunciou que essas articulações políticas envolveram mais de 3,26 bilhões de reais em fundos públicos a serem distribuídos entre os congressistas, um aumento de 1.900% entre junho e maio, mês em que foi apresentada a denúncia.

fonte: em.com.br

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