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sábado, 30 de abril de 2016

Petrolina e o coronelato, por Rui Daher

O atraso social e a concentração de renda têm raízes na história.

Sempre que volto do Vale do São Francisco não resisto comentar o que observei na região, do alto e com a lupa. Lá, tenho negócios e paixões. Aos primeiros, leva-me o trabalho de oferecer matéria orgânica e tecnologias naturais para aumentar a produtividade de quem decidiu plantar, exportar e lucrar com frutas de alta qualidade no semiárido. Às paixões, levam-me o povo e a cultura nordestinos.
Na semana passada, estive em Petrolina para trabalhar e participar de um evento esportivo da TV Grande Rio. Talvez por vivermos um momento triste, no qual mais uma vez a Federação de Corporações sangra nosso direito de democracia, desenvolvimento e inserção social, fui menos paixão e negócios, e mais colunista de CartaCapital.
Fiz perguntas e anotações. Desconfiei de passado e presente que fazem evidentes os descaminhos políticos da região e consequentes distorções econômicas e sociais. Petrolina revive um paradigma antes muito utilizado: a convivência maligna entre a riqueza exuberante de poucos e a pobreza expressiva de muitos, o que sugeria vivermos em país parte Bélgica parte Índia, a Belíndia.
Padres capuchinhos, em missão de catequese indígena no final do século 17, começaram a desbravar aquela região de caatinga do médio São Francisco. Passaram-se dois séculos para que fosse fundada como Vila, em 1870, e mais 23 anos para município com autonomia legislativa.
Não se trata, pois, de um aglomerado urbano novo, como os polos criados no Centro-Oeste a partir do crescimento do plantio de grãos. Teria idade para ter-se desenvolvido mais, não fossem os entraves do semiárido nordestino, de recente solução.
Tem população estimada em 350 mil habitantes, PIB per capita de 15.334 reais, e IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,697. Dos 5.570 municípios brasileiros, 2.000 estão à sua frente.
Depois que as águas do São Francisco possibilitaram contornar o principal entrave do semiárido, em Petrolina e região desenvolveu-se avançado polo produtor e exportador de frutas de ótima qualidade. A expressão econômica da região cresceu e trouxe com ela agregação de valor através de indústrias, comércio e serviços.
Por que, então, a visível pobreza? 
Embora o Censo IBGE 2010 mostre Petrolina com 32% de brancos e 68% de pardos, negros, amarelos e indígenas, a impressão é de que apenas os primeiros frequentam o luxo da cidade, expressão territorial na chamada Orla e comercial no River Shopping.
Espanta numa cidade banhada pelo rio São Francisco, de agricultura viável e rica por efeito da água de irrigação, predominarem grandes extensões de terras como se desertos fossem. Poucas praças, ínfima arborização, paisagismo restrito aos guetos particulares em condomínios residenciais de luxo ou estabelecimentos comerciais de caro consumo.
Apesar de parte da explicação eu já conhecer através dos livros e do que me foi ensinado nos “barracões” da Ciências Sociais, na caminhonete de um grande amigo e empresário, pergunto os motivos para a convivência de exuberante riqueza e desoladora miséria.
“Vou te mostrar”, respondeu, se encaminhando para zonas periféricas à Orla e ao Centro da cidade.
- Vê esse terrenão? Dos Coelhos. Aquele posto de gasolina? Dos Coelhos. O supermercado? Também. Concessões de TV e rádio? Idem.
De volta ao asfalto da Orla, percorremos vários quilômetros. De um lado, edifícios altos e modernos, hotéis e restaurantes de arquitetura arrojada. De outro, olhando-se em direção ao rio, pouco se vê do “Chico”, apenas longas extensões de terras áridas de caatinga. De tempos em tempos, aparecem condomínios de luxo ali incrustados.
Pergunto: “E essas extensões de terras descuidadas, vazias”?
- Tocas de Coelhos esperando valorização para venda.
Não pensem, no entanto, que isso tudo é falado como recriminação. No Brasil, patrimonialismo e desenvolvimento nem sempre foram fatores antagônicos. Muito do que hoje Petrolina tem de bom se deve aos empreendimentos dos Coelhos, como políticos e empresários.
A saga do clã começa ainda nos primeiros anos do século 20, com o coronel Quelê, apelido de Clementino Coelho, líder político e econômico da região, desde a República Velha.
Quelê Coelho teve farta prole, 11 filhos. Entre eles, Nilo Coelho, governador biônico de Pernambuco de 1967 a 1971, senador da Arena e do PDS, e presidente do Congresso Nacional, em 1983.
Ao encaminhar seu filho médico, Nilo Coelho, para a política, fez dele o grande indutor do avanço de Petrolina. Pavimentou estradas, criou médias e pequenas empresas, levou eletricidade e postos de saúde às vilas rurais, ergueu casas populares. Mas, apaixonado, implantou os projetos de irrigação que vira nos EUA.
Como em todo patriarcado, ramos da família acabam rachados. Nem por isso suas fortunas diminuíram, pelo contrário, aumentaram. Nada, porém, mais determinante do atraso social e da concentração de renda. Quem foi ao Maranhão e conhece o clã Ribamar, sabe disso.
Será muito difícil a querida Petrolina superar a desigualdade sem fugir do coronelato político.
Por Rui Daher


sexta-feira, 29 de abril de 2016

FAMÍLIA DE ALISSON DANTAS CLAMA POR JUSTIÇA

Gritos de Justiça e Paz ecoam pelo Bairro do Quati I, II e comunidades circo vizinhas.
Familiares, amigos e comunitários do Bairro Quati I, II e comunidades circo vizinhas, realizaram hoje (29), uma passeata lembrando os seis meses da morte do jovem Álisson Dantas de 19 anos que foi agredido de forma brutal (fato ocorrido no dia 30/10 vindo a falecer dia 03/11/015, devido a gravidade dos ferimentos) por Rezielio Alves de Almeida de 50 anos, que desferiu vários golpes de facão por achar que o mesmo, no momento usando um celular, estivesse acessando seu sinal de wi-fi. o agressor residia a poucos metros da casa do jovem e encontra-se foragido. O crime chocou a comunidade pela banalidade do motivo que o lavou a cometer tal ato. Segundo a mãe da vítima  Srª. Ana Claudia Dantas,  o delegado Marcione Ferreira responsável pelo caso, disse que o mandato de prisão já foi expedido e que já fizeram uma diligência a procura do acusado mais o mesmo não foi encontrado. 
A passeata percorreu os bairros Quati I, II e Jardim São Paulo onde ocorreram momentos de reflexão encerrando-se no local do ocorrido (Quati I) com uma celebração da palavra e homenagens ao jovem Alisson Dantas que tocava na banda de Fanfarra de sua escola.
Confira mais imagens na fampage da Central Popular de Comunicação no facebook.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

SERVIÇO DE SAMU VIOLA DIREITO A ATENDIMENTO DE MORADOR DE RUA EM PETROLINA

Médica do SAMU se recusa a fazer atendimento de urgência a morador de rua por ser ex presidiário; o fato ocorreu na comunidade do João de Deus em Petrolina, 

Na tarde de hoje (27), moradores da comunidade João de Deus denunciaram o descaso do serviço de   Serviço Móvel de Urgência (SAMU) a um morador de rua chamado por este blogger de Fran que vive no pátio da feira do referido bairro. Segundo os mesmos o Sr. Fran já vinha fazendo tratamento de saúde na unidade e sendo acompanhado pela equipe do Consultório na Rua. Devido a uma piora no seu estado, foi encontrado totalmente despido e sem forças para se locomover estes populares o vestiram e solicitaram o serviço de SAMU que fez três visitas ao mesmo e não tomaram nenhuma providência pois alegavam agrecividade por parte do Sr. Fran.

O atendimento só foi realizado devido a chegada da equipe do consultório na Rua que em conjunto com a coordenação da Unidade de Saúde realizaram os procedimentos necessários.
Ainda segundo populares que estavam revoltados com o descaso, a médica do SAMU só desceu da ambulância depois da chegada de uma viatura da Polícia Militar onde alegava que o mesmo é ex presidiário.


O Serviço de SAMU, já vem sofrendo várias críticas da população por conta do despreparo de alguns profissionais que o compõe. Já ocorreram casos em que os  solicitantes do serviço pedem a identificação do atendente(a) este se recusa ou usa codinomes como Ben10, Madona e outros.

domingo, 24 de abril de 2016

Gilmar, Toffoli e Celso de Mello se auto-impediram de julgar o impeachment

Eles anteciparam na imprensa a posição que defendem sobre a matéria e, portanto, perderam a isenção, a imparcialidade e a capacidade para julgar.

Os juízes do STF Celso de Mello, Gilmar Mendes e Dias Toffoli se auto-impediram de participar do julgamento de recursos da defesa da Presidente Dilma que questionem a natureza golpista do impeachment. 
Eles anteciparam publicamente na imprensa a posição que defendem sobre a matéria e, portanto, perderam a isenção, a imparcialidade e a capacidade para julgar a partir dos elementos concretos futuros que a Presidente Dilma poderá apresentar à Suprema Corte.
 
A argüição de suspeição deles, neste que é um julgamento de transcendental importância para a normalidade e estabilidade do país, pode ser feita com base em diversos fundamentos jurídico-legais: 
- o Código de Ética da Magistratura [Resolução 60/2008, do Conselho Nacional de Justiça, ironicamente promulgado por Gilmar Mendes quando presidia o CNJ (sic)], que no artigo primeiro define que os juízes devem se nortear “pelos princípios da independência, da imparcialidade, da cortesia, da transparência, da prudência, da diligência, da integridade profissional e pessoal, da dignidade, da honra e do decoro”;

 
- a Lei Complementar 35/1979, que no artigo 36 veda ao magistrado “manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério”; 
- o Código de Processo Civil, que no artigo 135 fundamenta “a suspeição de parcialidade do juiz quando: I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes[jantares do Gilmar com Aécio, Serra ..]; e V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes”;
 
- a Constituição Brasileira, que no parágrafo único do artigo 95, veda aos juízes “III - dedicar-se à atividade político-partidária”. 
Celso de Mello, Gilmar Mendes e Dias Toffoli já anteciparam posicionamento político claro sobre o impeachment e, independentemente das alegações jurídicas que Dilma venha a apresentar em sua defesa, eles estarão, de antemão contra qualquer postulação da Presidente, porque formularam juízo prévio; possuem pré-conceito político-ideológico firmado.
 
O STF se pronunciou, até o presente momento, somente sobre aspectos relacionados ao rito do impeachment – critérios para formar comissão especial, etapas de acusação e defesa, tipo nominal de votação, ordem de votação e outras questões procedimentais. 
A defesa da Presidente ainda não questionou, todavia, o mérito da denúncia de impeachment, ou seja, a existência ou não de fundamentos para o acolhimento pelo Presidente da Câmara para a tramitação do processo naquela Casa que a imprensa internacional caracteriza como “uma assembléia geral de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha”.
 
A aceitação e votação do impeachment sem crime de responsabilidade na “assembléia geral de bandidos”, e a continuidade do trâmite do processo no Senado é ilegal; não passa de farsa processual para legitimar o discurso de normalidade institucional do golpe de Estado. 
Isso considerado, é inadequado e juridicamente inaceitável o pronunciamento prévio e fora dos autos dos três juízes, que assumiram através da mídia as vozes da oposição no jogo político com o objetivo de inibir e enquadrar a participação da Presidente Dilma na ONU.
 
Estes três “juízes” atuaram politicamente, embora sejam proibidos pela Constituição de fazê-lo [artigo 95]. Pode-se dizer, por analogia, que eles buscaram intencionalmente causar o mesmo constrangimento político que os deputados José Aleluia [DEM] e Luiz Lauro Filho [PSB], despachados em classe executiva com diária de 400 dólares a Nova York pelo “bandido chamado Eduardo Cunha” para cercear os passos da Presidente. 
São totalmente fora de propósito as declarações deles de que o “o procedimento destinado a apurar a responsabilidade da senhora presidente da República respeitou todas as fórmulas estabelecidas na Constituição” [Celso de Mello], e que “se trata de procedimentos absolutamente normais, dentro do quadro de institucionalidade” [Gilmar Mendes]. Ainda mais disparatada, talvez por um exagero de realismo que empresta ao seu adesismo golpista, é a manifestação do Dias Toffoli, de que “é uma ofensa às instituições brasileiras” a alegação de que está em andamento um golpe de Estado.
 
Estes três “juízes” do STF perderam toda a condição para julgar o impeachment. A participação deles no julgamento do impeachment será uma ofensa à Constituição que transformará o STF num tribunal de exceção. 
Para preservar o Estado Democrático de Direito e a ordem jurídica do país, a Presidente Dilma dever defender a Constituição e as Leis de todas as maneiras, inclusive no âmbito das Cortes Internacionais.
 


 Jeferson Miola
http://cartamaior.com.br/

PRIMEIRA PROFESSORA COM DOWN DO PAÍS GANHA PRÊMIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

A professora roda o Brasil e já foi em outros países, como Argentina e Portugal, para falar sobre o combate ao preconceito na sala de aula. 
A professora potiguar Débora Seabra, 33 anos, primeira educadora com síndrome de Down do país, recebeu no final de outubro o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação 2015, em Brasília. Ela foi considerada exemplo no desenvolvimento de ações educativas no Brasil. O prêmio é promovido pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e acontece anualmente.
Débora é formada em Magistério em nível médio na Escola Estadual Professor Luis Antônio, em Natal (RN), com estágio na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Trabalha há dez anos como professora e hoje atua na Escola Doméstica, um colégio particular da sua cidade.
A professora roda o Brasil e já foi em outros países, como Argentina e Portugal, para falar sobre o combate ao preconceito na sala de aula. Em 2013, ela lançou o seu primeiro livro, chamado “Débora conta histórias”, recheado de fábulas infantis.

Fonte: Catraca Livre


O ‘MILAGRE’ DA DESSALINIZAÇÃO: MÉTODO SIMPLES E BARATO AJUDA A CONVIVER COM A SECA

Prestes a entrar no quinto ano de estiagem, a Paraíba busca fontes hídricas alternativas que mantenham as cidades abastecidas até, pelo menos, a tão sonhada Transposição do Rio São Francisco, prevista, agora, para 2017.
Foto: Chico Martins

O Governo do Estado perfurou, nos últimos quatro anos, 1.310 poços artesianos, dos quais, segundo a Diretoria de Recursos Minerais e Hidrogeologia (DRMH), apenas 40% apresentaram água própria para consumo humano ou animal. Vinte por cento desses poços tinham água salgada e foram inutilizados. Mas ter água salobra não está sendo um problema.
No assentamento Olho D’água, zona rural de São Vicente do Seridó, famílias estão usando dessalinizadores solares de baixo custo e bebendo água de boa qualidade.
Pesquisadores do Laboratório de Referência em Dessalinização (Labdes) do Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) defendem que, em tempos de escassez, o processo é mais barato e eficaz do que arriscar perfurar outros poços e não encontrar água.
Na Paraíba, segundo o coordenador do Programa Água Doce (PAD), Robi Tabolka, existem 24 unidades de dessalinização de água implantadas nas regiões do Cariri, Seridó, Curimataú e Agreste. A estimativa é que no total, existam mais de 1000 equipamentos deste tipo no Estado.

“Os que são implantados pelo PAD utiliza recursos do Governo Federal com contrapartida do Estado e em parceria com as prefeituras, mas existem ainda muitos municípios que implantam dessalinizadores por conta própria, a exemplo de Juazeirinho, que agora vai contar com mais oito equipamentos desse tipo”, disse Robi.


Fernanda Figueirêdo

http://correiodaparaiba.com.br

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Vítimas da Ditadura Militar (Relato)

As estigmas causadas pela Ditatura Militar ocultadas pela anistia da impunidade é a vergonha da sociedade brasileira.
Eu quero contar uma história pra vocês. Praticamente um ano atrás, dia 27 de abril de 2015 durante a madrugada, dois andares acima de mim no apartamento 601, morria minha vizinha Inês Etienne Romeu. Ex militante e integrante da luta armada contra a ditadura militar, ela não só foi a última presa política libertada no Brasil como foi a única sobrevivente da casa da morte em Petrópolis. Presa ilegalmente em 1971, ela foi espancada, torturada e pendurada no pau-de-arara. Para escapar inventou para seus captores que tinha um encontro com um guerrilheiro em determinado local do bairro de Cascadura, no Rio de Janeiro. Ao chegar no local tentou suicidar-se jogando-se na frente de um ônibus. Foi arrastada pelo ônibus mas não morreu. Após passagem pelo Hospital da Vila Militar foi levada para uma casa em Petrópolis, na Rua Artur Barbosa, 668, “A casa da morte”. Ali permaneceu sob tortura, espancamento, choques elétricos e estupros. No inverno de Petrópolis, onde a temperatura podia chegar a menos de 10ºC, era obrigada a deitar nua no cimento molhado e levou tantos socos e sofreu tantas agressões que seu rosto tornou-se irreconhecível. Neste período era obrigada a cozinhar nua sendo humilhada por seus carcereiros. Assim como os outros presos da casa, Inês não deveria sair viva de Petrópolis. Contudo, segundo um de seus captores, o tenente-coronel reformado Paulo Malhães (codinome: "Dr. Diablo"), declarou mais de 40 anos depois, os torturadores cometeram o erro de libertá-la acreditando que, depois de intensa tortura e cativeiro, ela tivesse aceito o papel de infiltrada em sua própria organização. Foi jogada na casa de uma irmã, em Belo Horizonte, pesando 32 quilos. Inês passou a dedicar-se à denúncia e esclarecimento dos crimes ocorridos nos porões da ditadura. Em 2003, aos 61 anos, foi encontrada caída e ensanguentada em seu apartamento, com traumatismo cranioencefálico por golpes múltiplos diversos, depois de receber a visita de um homem que se fez passar por um marceneiro contratado para um serviço doméstico. Em fuga, saiu de São Paulo e mudou-se para o Rio de Janeiro onde teve que se mudar diversas vezes para preservar sua identidade e seu endereço. Importante entender que ontem o deputado federal Jair Bolsonaro manchou a memória de Inês e de todos nós brasileiros quando homenageou Carlos Alberto Brilhante Ustra (coronel do Exército Brasileiro, ex-chefe de órgãos atuantes na repressão durante o período do regime militar no Brasil) e não saiu algemado da câmara dos deputados. Imagino o terror que Inês sentiria novamente ao saber que vive num prédio, numa cidade, num país... onde existem pessoas que idolatram o homem que homenageia seus torturadores. Acho que ela partiu na hora certa. Inês era uma senhora que já não podia falar, não podia andar sem andador e acompanhante e quase nunca saia de casa. Infelizmente tivemos muito pouco contato. Ela sempre carregava um sorriso triste e um mistério nos olhos, como quem guardava algum segredo, como quem ainda precisava falar alguma coisa. Ela morreu dormindo. Depois do que ouvi ontem, acredito que muita coisa tenha morrido ali, junto com ela, também.

Relato de Diogo Martins
Via Facebook

OAB-RJ vai ao STF para cassar o mandato de Jair Bolsonaro

A Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro (OAB-RJ) vai ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a cassação do mandato do deputado federal Jair Bolsoonaro (PSC). Vai provocar também a Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica, para que a entidade tome medidas para limitar a apologia à tortura no Brasil.
Ao votar a favor do impeachment, no domingo (17), o parlamentar exaltou a ditadura e elogiou Carlos Brilhante Ustra, que foi chefe do Doi-Codi de São Paulo, um dos mais sangrentos centros de tortura do regime militar. "Pela memória do coronel Carlos Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff", disse o militar, antes de dizer o "sim".


Filho do desaparecido político Fernando Santa Cruz, o presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, afirmou que um grupo de juristas já está elaborando um estudo com argumentos e processos cabíveis para pedir a cassação do mandato de Bolsonaro.
"Vamos ao Supremo e até a Corte Interamericana de Direitos Humanos para discutir os limites da imunidade parlamentar e pedir a cassação dele. A apologia à tortura, ao fascismo e a tudo que é antidemocratico é intolerável", afirmou Santa Cruz.
Anunciando que tomaria providências contra Bolsonaro, o presidente da ordem postou em seu Facebook imagens com 20 pessoas que teriam sido torturadas por Ustra. "Algumas das vítimas do "homenageado" pelo deputado Bolsonaro. Tomaremos medidas duras que irão muito além de notas e declarações", escreveu.

"Sempre achei o Bolsonaro um deputado folclórico. Ele já até disse que meu pai saiu para pular carnaval e não voltou. Mas esse folcórico está se tornando grave. Não há uma enorme discussão sobre o nazismo? O que ele fez não deixa de ser analogia ao nazimo porque o Ustra é torturador, que, em nome do fascismo militar, torturou e matou pessoas para impedir a democracia", comparou Felipe Santa Cruz.

Fonte: http://extra.globo.com


terça-feira, 19 de abril de 2016

Impeachment de Dilma abre espaço para anistia de Eduardo Cunha

À frente da tramitação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), saiu fortalecido após a votação do impedimento no plenário. Cresce dentro da Câmara a defesa de um tipo de anistia ao peemedebista.

Reú na Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro, Cunha é alvo de processo de quebra de decoro no Conselho de Ética, o que poder levar à cassação do mandato. Ele é acusado de mentir à CPI da Petrobras ao negar ter contas no exterior. Instaurado em 3 de novembro, a admissibilidade do caso só foi aprovada em 1º de março, devido a manobras de aliados do peemedebista.

Defensor do impeachment e próximo a Cunha, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) saiu em defesa do presidente da Câmara. “Eduardo Cunha exerceu um papel fundamental para aprovarmos o impeachment da presidente. Merece ser anistiado”, disse ao Congresso em Foco.

Além do clima de gratidão à atuação de Cunha na tramitação do processo contra Dilma, substituições no Conselho também aumentam o risco de anistia. Na semana passada, o deputado Fausto Pinato (PP-SP), primeiro relator do caso no colegiado e adversário de Cunha, renunciou ao posto.
No seu lugar, entrou a deputada Tia Eron (PRB-BA), integrante da bancada evangélica, assim como Cunha, e admiradora do peemedebista. “É um presidente que fez essa Casa produzir como nunca, que limpou as gavetas de projetos que estavam parados, tem minha admiração e meu respeito”, disse ao assumir o posto.
Diferente da posição contundente de enfrentamento a Cunha adotada em novembro, partidos de oposição também têm recuado. Parlamentares do PSOL e Rede, autores da representação contra Cunha no colegiado, ainda apostam na saída do peemedebista. “Vamos manter nossa posição de enfrentamento”, disse ao HuffPost Brasil o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).
O colegiado recebeu neste mês parecer técnico do Banco Central em que a autarquia afirma que, "para além de toda dúvida razoável", ficou comprovada a manutenção de recursos no exterior e que Cunha tinha que declará-los às autoridades brasileiras. O relator, deputado Marcos Rogério (DEM-RO) espera apresentar o parecer até 19 de maio.

A próxima testemunha a ser ouvida será Fernando Baiano, lobista e operador de propinas do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras. Em depoimento na Lava Jato, ele citou Cunha como beneficiário de valores ilícitos. O depoimento, em Curitiba, está previsto para a próxima semana.

 |  De
http://www.brasilpost.com.br/

NOTA DE REPÚDIO PELO O ASSASSINATO DE JOÃO BIGODE DO MPA

Mataram mais um irmão, mais ele ressuscitará.
JOÃO BIGODE, PRESENTE! PRESENTE! PRESENTE!
Movimento dos Pequenos Agricultores-MPA
O MOVIMENTO DOS PEQUENOS AGRICULTORES (MPA), vem através deste, repudiar e exigir que a Justiça seja feita pelo o Assassinato do Nosso Companheiro, irmão, Pai, Camponês e Militante do MPA, João Pereira de Oliveira, conhecido como JOÃO BIGODE, que foi tombado nesta sexta feira 15 de abril de 2016, por volta de 19h00 em sua residência no Povoado de Santana do Município de Antônio Gonçalves -Bahia. 
Vimos aqui exigir dos órgãos competentes que a Justiça seja feita, não vimos permitir mais derramamento de sangue de pessoas inocentes e ao mesmo tempo, o Campesinato está vivo em memória do NOSSO COMPANHEIRO. 

JOÃO BIGODE, foi um dos primeiros militantes do MPA na Região Norte da Bahia, onde contribui para que sua semente fosse geminada.

O mesmo era uma grande liderança, companheiro e comprometido com a luta de classe esteve em várias mobilizações reivindicando qualidade de vida no campo. Além de ser militante do MPA, era liderança religiosa da Igreja Católica, contribuiu com o Movimento Sindical, Escola Família Agrícola de Antônio Gonçalves, Comissão Municipal da Água e Diocesana, ASA, CPT e tantas organizações que envolvia o Território do Piemonte Norte do Itapicuru (TIPNI). 

Atualmente o seu JOÃO BIGODE era Presidente da Associação de Pequenos Camponês Rurais de Santana e Região.

Ele era um homem de fibra e que lutava pelo os direitos do povo, contra o latifúndio e o capitalismo escravizador.
Diante desta situação clamamos por Justiça. 

Portanto, exigimos que a JUSTIÇA SEJA FEITA, não vamos permitir que mais sangue de inocente seja derramando.


Mataram mais um irmão, mais ele ressuscitará.
JOÃO BIGODE, PRESENTE! PRESENTE! PRESENTE!

Movimento dos Pequenos Agricultores-MPA

Feira de Santana-Bahia, 16 de abril de 2016

quinta-feira, 14 de abril de 2016

ONU pede aumento dos esforços de assistência humanitária em países africanos

Segundo diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos (PMA), cada crise de refugiados é também uma crise alimentar. Durante evento em Nova York, Etharin Cousin citou a escassez atual de recursos para ações humanitárias na África.
Grupo de refugiados do Sudão do Sul caminha em campo de Uganda. Foto: ONU
Os atores humanitários precisam ampliar seus esforços nas nações africanas com o objetivo de atender as necessidades imediatas dos cidadãos desses países, torná-los mais resilientes a crises e atingir a segurança alimentar, disseram oficiais das Nações Unidas em evento sobre o tema organizado na semana passada na sede da ONU em Nova York.

A diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Etharin Cousin, moderadora do evento, disse que cada crise de refugiados é, por natureza, também uma crise alimentar e de nutrição. Ao mesmo tempo, as crises alimentares e de nutrição frequentemente impulsionam conflitos e deslocamentos.
Além disso, crescentes níveis de conflito e violência, unidos ao impacto das mudanças climáticas, não só agravaram as crises existentes como criam novos deslocamentos tanto na África como em outros continentes, acrescentou.

“As crescentes necessidades, assim como a escassez de recursos, ameaçam nossa solidariedade coletiva, que demanda, pelo menos, uma resposta às necessidades básicas das pessoas em situação de crise”, disse Cousin.
A diretora-executiva afirmou ser necessário alertar a Assembleia Geral da ONU de que atender tanto as necessidades das novas populações de refugiados como dos refugiados em crises continuadas é “cada vez mais desafiador”.

Ela lembrou que o PMA fornece assistência alimentar a mais de 3,1 milhões de pessoas deslocadas em 25 países da África. No ano passado, na África Central e Oriental, a falta de financiamento forçou o PMA a cortar até 30% dos recursos de cinco de sete operações.
O encontro em Nova York, denominado “Resposta Humanitária na África: a Urgência de Agir”, incluiu intervenções de diversos palestrantes, após uma discussão entre representantes dos Estados-membros, membros do sistema das Nações Unidas e outros participantes.
O presidente da Assembleia Geral da ONU, Mogens Lykketoft, encorajou participantes a ir além do diagnóstico dos problemas, e mirar soluções reais.

“O que realmente precisamos é reformar nossa abordagem em relação à resposta humanitária – adotar uma abordagem de longo prazo tanto em termos de financiamento como em termos de construção de resiliência; investir em redução dos riscos de desastres; ultrapassar barreiras entre o desenvolvimento e a resposta humanitária para que possamos nos mover juntos na Agenda 2030 e melhorar a eficiência e efetividade de nossa resposta geral”, disse.

Fonte: ONUBRASIL
https://nacoesunidas.org


“Áudio reforça tese de conspiração de Temer”, diz cientista político

Para Cláudio Couto, da FGV, é difícil acreditar que a mensagem de Michel Temer foi enviada acidentalmente.
O vice-presidente da República, Michel Temer, enviou um discurso a parlamentares de seu partido, o PMDB, no qual trata o impeachment de Dilma Rousseff como um fato consumado na Câmara dos Deputados.

Após o episódio, ele admitiu que a mensagem de voz foi enviada de forma “acidental”, enquanto a Comissão de Impeachment ainda analisava o relatório do deputado Jovair Arantes, aprovado, nesta segunda 11, por 38 votos a 27. 
No áudio de quase 14 minutos, Temer diz ter rompido o silêncio guardado no último mês “agora, quando a Câmara dos Deputados decide por uma votação significativa declarar a autorização para a instauração de processo de impedimento contra a senhora presidente".
E se apresenta para liderar um governo de transição, antes mesmo do desfecho do impeachment.
"Até imaginava que poderia falar depois da decisão do Senado, mas sabem todos os que me ouvem que, quando houver uma decisão definitiva, a decisão do Senado, preciso estar preparado para enfrentar os graves problemas que afligem nosso País”. 

Na avaliação do cientista político Cláudio Couto, professor da Fundação Getúlio Vargas, é difícil acreditar na história de divulgação acidental, ainda mais após o vazamento da carta que enviou a Dilma em dezembro de 2015, na qual diz que sempre foi tratado como um “vice decorativo”.
“Temer foi três vezes presidente da Câmara dos Deputados, tem o controle do PMDB, o partido com maior número de parlamentares do País, acho difícil acreditar que voltou a cometer uma trapalhada”, diz Couto. “Faz mais sentido a observação feita pelo deputado Ivan Valente, do PSOL, a evocar o seriado mexicano Chaves: ‘foi sem querer querendo’.” 
Pelo tom do discurso, o analista acredita que Temer tentou desgastar ainda mais a imagem do governo Dilma, além de sinalizar para os deputados indecisos que eles poderiam ter guarita em seu governo. 

“Seria mais prudente permanecer calado, como fez Itamar Franco em 1992, que não fez qualquer pronunciamento até o desfecho do impeachment de Collor”, diz Couto. “Apoio se busca nos bastidores. Trazer isso a público é uma falta de compostura, além de reforçar a tese de que o vice conspira contra Dilma. Na verdade, o gesto pode ter efeito inverso, o de constranger os indecisos com essa pressa toda”. 
Para Couto, um político experiente não poderia ser tão pouco precavido. “É a mesma lógica de quem grava vídeo íntimo e se expõe ao risco de ter o computador hackeado. Se ele realmente precisava ensaiar um discurso para divulgar após a votação da Câmara, deveria rascunhar num papel à lápis. Eu não correria o risco nem de passar para o computador.”

Confira o áudio na íntegra em:

http://www.cartacapital.com.br

Conferência Internacional da Reforma Agrária

Reunidos em Marabá, no Pará, cerca de 170 militantes de organizações sociais camponesas, de várias partes do mundo, fazem memória dos 20 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás e discutem a conjuntura política e agrária mundial. 
Cristiane Passos* 

 Teve início hoje (13) e segue até o dia 17 de abril, a Conferência Internacional da Reforma Agrária, no Centro Pastoral Diocesano de Marabá, no Pará. O evento foi aberto com uma mística que relembrou os 20 trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra mortos em 17 de abril de 1996, na Curva do S, em Eldorado dos Carajás (PA).
“Aqui, essa terra, é palco de latifúndio, que concentra terra para o monocultivo. É uma região que impede a viabilização da reforma agrária para garantir os projetos minerários e monocultores”, disse Ayala, representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ao dar as boas vindas aos participantes.
Marina Santos, da direção nacional do MST, falou ao grupo da importância da realização desta Conferência no Pará, no marco dos 20 anos do Massacre e, também, nesse momento conturbado da política brasileira.
Neuri Rosseto, da direção nacional do MST, fez uma análise de conjuntura sobre a situação política do Brasil e suas consequências para as lutas por terra, territórios e recursos. Segundo ele, a complexidade do momento que vivemos é, também, resultado das lutas das classes trabalhadoras. Esse seria um processo de reação da oposição diante das conquistas que a classe trabalhadora obteve nos últimos anos. “Não podemos ver esse momento somente a partir de uma perspectiva negativa”.
A conjuntura mundial atual, segundo Rosseto, ainda é resultado de uma grande derrota da classe trabalhadora. “Nós ainda sofremos as consequências das transformações após a queda do bloco socialista”. A reestruturação do mundo do capital, após a dissolução da União Soviética, influenciou muito na realidade dos trabalhadores.
De uns anos para cá, vimos também o descenso da luta dos trabalhadores, disse o dirigente.  A ofensiva do capital tenta derrubar as principais bandeiras das lutas sociais, desde a luta pela terra à luta pela garantia da preservação do meio ambiente. “É uma repressão preventiva a qualquer alternativa à sociedade burguesa”, destacou Rosseto.
Lula foi eleito no contexto de uma crise do modelo neoliberal. A vitória dele veio em um momento de alianças políticas, que tentou aliar os interesses da classe trabalhadora ao capital. Mas há limites nessa aliança, nessa tentativa de conciliação de classes. “Diante desse cenário, ficou claro que não havia a previsão de mudanças estruturais, mantendo, assim, intocável o latifúndio, por exemplo. A presidenta Dilma assumiu em um cenário diferente de Lula. Ela assumiu no contexto da crise mundial do capital, que não recua desde 2008, e ainda no contexto da crise desse modelo neodesenvolvimentista que o Lula implantou”, concluiu Neuri.
 “Tempo de recompor forças”
O dirigente do MST destacou a importância de construir uma frente ampla das classes populares, como se está fazendo na Frente Brasil Popular, como forma de tentar novas formas de organização e de luta, na perspectiva da construção de um projeto popular para o país. Além disso, é importante retomar a formação política e ideológica da classe trabalhadora e construir uma dimensão política que contemple os desafios da conjuntura atual. “De qualquer forma, o cenário que se apresenta do futuro é de crise, qualquer que seja o resultado. A nossa tarefa, portanto, é luta e mobilização, seja qual for o governo que fique. Vamos defender esse governo, mas vamos também exigir mudanças na política que está aí”, concluiu Rosseto.

*Assessora de Comunicação da Comissão Pastoral da Terra 
(CPT) – coletivo de comunicação da Conferência Internacional da Reforma Agrária

“Seria lamentável se o Brasil perdesse sua democracia com este golpe sórdido”, diz analista dos EUA

“A campanha do impeachment, que o governo descreveu corretamente como golpe, é um esforço da elite brasileira tradicional para obter por outros meios aquilo que não conseguiu conquistar nas urnas nos últimos anos”, afirma Mark Weisbrot

Mark Weisbrot, presidente da Just Foreign Policy, organização norte-americana especializada em política externa, publicou na Folha de S. Paulo um artigo sobre a tentativa de golpe no Brasil. O texto, divulgado nesta quinta-feira (14), destacou que a presidenta Dilma Rousseff não apresenta qualquer evidência de envolvimento com corrupção e que a acusação de manipulação de contas públicas não justificaria o afastamento.

“Para traçar uma analogia com os Estados Unidos, quando os republicanos se negaram a elevar o teto da dívida, em 2013, a administração Obama recorreu a vários truques de contabilidade para adiar o prazo final no qual se alcançaria o limite. Ninguém se incomodou com isso”, escreveu.

Weisbrot afirmou  que o juiz Sérgio Moro, responsável pela operação Lava-Jato, lidera uma campanha de difamação contra o ex-presidente Lula, como no caso da divulgação de grampos telefônicos com conversas do líder petista. Depois, o próprio magistrado precisou se desculpar com o Supremo Tribunal Federal (STF) pela atitude.

O analista ressaltou ainda que a oposição força a derrubada da presidenta, eleita de forma democrática pela maioria da população. “A campanha do impeachment, que o governo descreveu corretamente como golpe, é um esforço da elite brasileira tradicional para obter por outros meios aquilo que não conseguiu conquistar nas urnas nos últimos anos”, pontuou.

Por: Revista Forum
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O silêncio do STF é maquiavélico

 Neste momento, o Supremo Tribunal Federal STF se mantém em silêncio diante de todas as patranhas armadas por Eduardo Cunha. A história cobrará.
Sessão plenária do STF (reprodução)Mailson Ramos*
Maquiavélico é um termo etimologicamente ligado a Nicolau Maquiavel (1469-1527), italiano, autor do livro O Príncipe, que conta como um príncipe reinava e mantinha o seu poder de maneira astuta, protegendo o reinado sem se preocupar com princípios éticos ou morais. Seu lema era: o fim justifica os meios.

Pois assim tem sido o silêncio do Supremo Tribunal Federal, neste momento, no Brasil: maquiavélico. É um lavar de mãos que também se assemelha a outro personagem da história, tomado por sua indiferença a uma injustiça cometida. O STF lava as mãos como o fez Pôncio Pilatos.

Nas ruas se comenta abertamente que Eduardo Cunha não tem condições de comandar o processo deimpeachment; mas não é somente nas ruas que este pensamento se coaduna com a indignação: oCongresso Nacional sabe que não há legitimidade neste processo. As poucas vozes que se levantam contra esta patranha, entretanto, são suprimidas por um mar pantanoso de deboche.

A Casa do Povo se transformou em circo onde o dono está preso na jaula e o mico apresenta o espetáculo. É uma inversão total de papeis e valores, tanto quanto um achincalhe contra todos os brasileiros. Causa espécie que uma coalizão de corruptos esteja a poucos passos de derrubar uma presidente da República de caráter ilibado e que não se contaminou com os crimes aos quais seus algozes são acusados.

STF vai assistir ao processo do seu camarote. Verá as páginas da Constituição Federal serem rasgadas e queimadas em público para desespero dos democratas e de todos aqueles que lutaram com sangue e suor pela conquista da liberdade e contra os golpes de Estado. O que se perpetra de injustiça em Brasília, ainda que com os vernizes constitucionais, representa uma aberração extemporânea, um monstro deformado criado dentro das alas do nosso judiciário.

A legalidade resiste, mas não na Suprema Corte, onde impera agora o silêncio das forças hegemônicas. E onde fica a cidadania defendida pelo STF? Restaurará daqui a dez anos a inocência que a Dilma hoje tem?
Por quantos dias mais esperaremos a queda de Eduardo Cunha, um homem de crimes em esfera internacional?
Por quanto tempo mais aceitaremos esta Câmara de deputados que deitam e acordam pensando em lobby?

A alternativa de poder agora não representa os brasileiros. Sobretudo porque são golpistas, traidores e engendram um plano para entregar o Brasil de volta à trágica utopia do neoliberalismo. E quem vai sofrer com isso?
Onde está a defesa da cidadania, da democracia, da Constituição?

Não deveria estar na salvaguarda dos supremos ministros?
Ou somos uma nação à deriva que se permite golpes de Estado de tempos em tempos?
Os resultados históricos serão uma punição. O maquiavélico silêncio de agora retornará em consequências desastrosas para a sociedade. Do alto do seu camarote, o STF vai assistir à queima do livro constitucional. Já não haverá tempo para apartes e tomadas de palavras. Também a retórica do direito constitucional estará relativizada. Será tarde demais para dizer que no Brasil se engendrou um golpe de Estado paraguaio.

A sociedade seduzida pelo apelo midiático e pela insatisfação econômica vai derreando lentamente para um poço onde, mais tarde, rangerá os dentes por descontentamento. É sempre assim. Da cegueira coletiva que rechaça até a democracia, poderá nascer um comando tipificado pela criminalidade. E aqueles que tanto reclamam da corrupção verão nascer corrupto um governo antipovo.

É de novo a recriação do golpe a solapar as instituições de dentro para fora, mas desta feita numa metafórica representação de autofagia criminosa, presente especialmente no sistema judiciário. Em vez de proteger a Constituição e salvaguardar a democracia, estão nos impingindo mais um golpe de Estado tramado sob o lamacento acorde de forças hegemônicas. O povo mais uma vez terá o seu papel reduzido na sociedade e aqueles que ora se mobilizam em favor dos golpistas serão os mesmos a reclamar das liberdades cerceadas.

E nisso tudo tem culpa o STF. Será cobrado no devido momento, pelo povo ou pela história. E a Constituição Federal, depois desta manobra contra a presidenta da República, terá seu valor subestimado por estas forças que conseguiram dobrá-la e coloca-la no bolso. Chefes do executivo terão paz para governar? Oposições flertarão frequentemente com a possibilidade de impedi-los? Convulsão social e desordem administrativa?
Tudo será resultado deste silêncio maquiavélico do STF.

*Mailson Ramos é escritor, profissional de Relações Públicas e autor do blog Nossa Política (Leia aqui todos os textos de Mailson Ramos). 
Via:  Pragmatismo Político.
http://www.pragmatismopolitico.com.br

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