Essa prática está presente em nossas igrejas
produzindo muitas vítimas. Para um bom tratamento torna-se necessário um bom diagnóstico, portanto após a leitura, veja se você não está praticando tal
procedimento, se for o seu caso, procure mudar sua atitude. Boa reflexão.
O assédio
moral vem a ser caracterizado como um comportamento que utilizando técnicas de
desestabilização, conduzem o indivíduo a um estado de desconforto psíquico que
pode evoluir para a irritação, estresse e até mesmo depressão. Isto pode
ocorrer na família, na vida social e dentro de empresas. Evidentemente,
numa instituição religiosa (igreja), onde seus membros são “salvos”, as
possibilidades da ocorrência do assédio moral são “minimizadas”, certo? Errado!
Errado! Infelizmente tem sido “maximizadas”, ampliadas, e o risco de alguém ser
vitima de tal pressão são aumentativas, especialmente os envolvidos em cargos
de liderança. Infelizmente essa violência perversa cada vez mais atinge as
igrejas.
METODOLOGIA: os moralmente perversos utilizam as mais
variadas técnicas: os subentendidos, alusões malévolas, a mentira, humilhações.
Por meio de palavras aparentemente inofensivas, alusões, sugestões ou
não-ditos, é efetivamente possível desequilibrar uma pessoa ou até destruí-la.
1ª) A primeira fase do assédio consiste em DESESTABILIZAR a
vítima. É toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se, sobretudo por
comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer dano à
personalidade, à dignidade, ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa.
Em seguida esses ataques vão se multiplicando e a vítima é seguidamente acuada,
posta em situação de inferioridade, submetida a manobras hostis e degradantes
durante um período maior. É a repetição dos vexames, das humilhações, sem
qualquer esforço no sentido de abrandá-las, que torna o fenômeno
destruidor.Assim acossada, a pessoa não consegue manter o seu potencial. Ela é
estressada, crivada de críticas e censuras, para que se sinta seguidamente sem
saber de que modo agir.
2ª) A segunda fase do assédio consiste em DESQUALIFICAR a
vítima. Subentendidos, alusões desestabilizantes ou malévolas, observações
desabonadoras. Pode-se assim levantar progressivamente a dúvida sobre a
idoneidade, a honra, a competência, pondo em questão tudo que ele faz ou diz.
3ª) A terceira fase do assédio consiste em DESACREDITARa
vitima. Para pôr o outro para baixo, é ridicularizado, humilhado e coberto
de sarcasmo até que perca toda a autoconfiança. Geralmente usa-se a calúnia, a
mentira, tudo de modo que a vítima perceba o que se passa, sem que possa, no
entanto, defender-se.
A VITIMOLOGIA – uma pessoa que tenha sofrido uma
agressão psíquica como a do assédio moral é realmente uma vítima, pois seu
psiquismo é alterado de maneira mais ou menos duradoura.
CONSEQUÊNCIAS: As consequências “emocionais” e “espirituais”
desse estado de coisas para uma igreja não devem ser negligenciadas, já que a
deterioração do ambiente provoca uma diminuição importante da eficácia ou do
rendimento do grupo.
A
IMPUNIDADE: O que tem contribuído para o crescimento
dessa prática no seio da igreja é, sem dúvida nenhuma, a certeza da impunidade.
Se na justiça comum isso já vem sendo tratado como crime (com pena que vai de
indenização por danos morais e até prisão), na igreja não se trata nem como
pecado. O assédio moral está totalmente liberado. Isso é desmoralizante, para
não dizer, uma vergonha. Está na hora de combatermos esse mal, e com coragem,
fazermos justiça, afinal, segundo Jesus “a nossa justiça deve exceder a dos escribas
e fariseus”. Os sindicatos e organismos que atuam em defesa de
trabalhadores desenvolvem campanhas para informar o que é o assédio moral, como
ele ocorre, as formas de combatê-lo etc. No entanto, vimos identificando no
meio evangélico certas resistências ao combate desse fenômeno, representada
pela ausência de reflexão crítica dos seus membros, do corporativismo, do
compromisso com as amizades, não com a verdade; com as conveniências, não com
as evidências. Daqueles que escolhem o silêncio da covardia em detrimento ao
grito da coragem. Preferem o distanciamento, em vez do posicionamento.
As Igrejas deveriam ficar atentas ao problema e combater biblicamente
todas as formas de assédio moral que possam atingir os seus membros. Respeito
é bom, e todo mundo gosta.
Rev. Derli Machado