O número
de casos de suicídio aumentou entre os índios da tribo Guarani, no Mato
Grosso do Sul. Segundo Zelik Trajber, pediatra da Secretaria Especial de Saúde
Indígena, do Ministério da Saúde, de 2004 até setembro de 2014, já foram
registrados 500 casos entre os índios da tribo, que tem uma população estimada
em 45 mil. Tal fato faz da tribo Guarani o povo indígena com a maior taxa de
suicídio entre os grupos culturais e étnicos do mundo.
Segundo
dados de um estudo feito em 2013, pelo Ministério da Saúde, a taxa de suicídio
entre os povos indígenas brasileiros é seis vezes mais alta do que a média
nacional, o que equivale a 30 suicídios por 100 mil pessoas. A tribo Guarani, a
maior tribo brasileira, tem uma taxa estimada de suicídio duas vezes maior
que a dos outros povos indígenas.
O povo Guarani habitou as terras férteis do sul brasileiro,
onde trechos de vastas florestas e savanas foram transformados em ranchos e
fazendas. Durante o processo, a tribo vem sendo despejada e arrancada das
fazendas e dos ranchos. Muitos Guaranis enfrentam grande discriminação e se
encontram em estado de pobreza diante dos agricultores e pecuaristas, que agora
habitam as terras que um dia foram da tribo.
Entenda o
caso
Há cerca
de 100 anos, o povo Guarani, que hoje vive principalmente no Brasil e no
Paraguai, foi expulso de suas terras quando o governo brasileiro concedeu o
título legal dessas propriedades para agricultores e pecuaristas. Membros da
tribo foram colocados em reservas lotadas e frequentemente, separados de suas
famílias.
Em 1988,
o governo brasileiro estabeleceu uma nova Constituição, que assegurava direitos
para os indígenas, como o de retomar suas terras ancestrais. Um processo lento
e frustrante tanto para os indígenas quanto para os agricultores. Isso acabou
aumentando o desacordo entre ambas as partes, já que, em muitos casos, os
agricultores também viveram no Mato Grosso do Sul por gerações. Eles criaram
suas famílias na região, além de trabalharem nas plantações de mate,
cana-de-açúcar e soja. Assim como os Guaranis, os agricultores e pecuaristas
também têm raízes naquelas terras, criando um conflito cultural e material
entre eles.
Tonico
Benites, um Guarani e antropólogo, disse que as condições das reservas Guaranis
se deterioraram durante o regime militar, entre as décadas de 1970 e 1980, por
conta da superlotação de reservas e da separação dos integrantes da família.
Atualmente, a situação se agravou, segundo o pesquisador, e muitos Guaranis se
sentem sozinhos e isolados.
“Em algum
momento, muitos amigos e pessoas que conheço perderam sua autonomia, sua
maneira de se sustentar. Então, eles acabam pensando na morte. Nossa maior
esperança, pela qual lutamos todos os dias é que nossas crianças possam ser
mais felizes no futuro, para que elas possam viver outro tipo de vida, algum
melhor do que o atual”, disse Benites.
Fontes: The
New York Times-Suicides Spread Through a Brazilian Tribe
http://opiniaoenoticia.com.br/brasil/aumenta-numero-de-suicidios-entre-indios-da-tribo-guarani/