Da
Página do MST
A
proposta é desnecessária, por que já existem leis mais que suficientes para
enquadrar qualquer eventual ação de grupos terroristas no Brasil.
Photoshop Cicero Do Carmo |
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem
a público repudiar o projeto de lei enviado pelo Poder Executivo que
tipifica o crime de terrorismo. A proposta é desnecessária e inconsequente.
Infelizmente, soma-se a outras iniciativas de setores conservadores do
Congresso Nacional que querem implementar uma escalada autoritária nas leis
brasileiras, mudando inclusive a própria Constituição, como é o caso da
maioridade penal.
Vivemos tempos em que tudo é criminalizado. Jovens pobres e negros são os maiores
alvos da violência e de um sistema de justiça criminal seletivo e com claro
recorte de classe.
Por essa razão, ao invés de enviar projetos de lei que reforcem a escalada
conservadora legislativa, o governo poderia começar por retirar do ordenamento
jurídico entulhos autoritários como a Lei de Segurança Nacional que, vez ou
outra, serve para criminalizar legítimas lutas sociais.
A proposta é desnecessária, por que já existem leis mais que suficientes para
enquadrar qualquer eventual ação de grupos terroristas no Brasil.
O Estado brasileiro oferece mais polícia e menos justiça indistintamente. O
projeto de lei intensificará o que já tem sido aplicado aos movimentos e
organizações sociais que lutam por seus direitos.
Acerca desse fato, destacamos a afirmação do Relator Especial para a Liberdade
de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Edison Lanza,
acerca dos riscos em relação aos movimentos sociais.
Segundo o relator Lanza, “leis antiterrorismo muito ambíguas ou abertas têm
sido utilizadas para criminalizar movimentos sociais no continente. A própria
Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Chile, em 2014, por usar
sua lei antiterror contra ativistas do povo indígena Mapuche. A definição que
está sendo construída no Brasil usa termos complicados, como extremismo
político, ocupação de prédios públicos e apologia ao terrorismo”.
Por isso, o MST segue na defesa da luta, nas ruas e nas ocupações, reafirmando:
lutar não é crime e nem terrorismo!
Exigimos que a presidenta VETE integralmente o projeto de lei 2016/2015 que
tipificou o terrorismo.