Ao observar a participação
dos Coelhos na história política do país, conclui-se que a Arena apoiou o golpe
militar, que mais tarde se denominou PSD, depois PFL, e atualmente Democratas
(DEM), que apoia o golpe contra o governo da presidenta Dilma, junto ao qual
estão: PMDB, PPS e PSB, todos partidos ligados à trajetória do clã
petrolinense.
O presidente, general Artur da Costa e Silva, a esquerda, e o governador Nilo Coelho a direita, inaugurando a nova BR-122 |
O processo de Impeachment contra a presidenta
Dilma é oportunidade para petrolinenses e pernambucanos voltarem ao passado e
identificarem como políticos de famílias tradicionais se comportaram em
situações de flagrante ataque à democracia brasileira. A família Coelho, de
Petrolina, cumpriu importante papel nesse sentido.
Nos anos da Ditadura Militar (1964-1985) a
Oligarquia estava acomodada na Aliança Renovadora Nacional – Arena, partido de
apoio aos governos autoritários, onde adquiriu grandes benefícios políticos e
econômicos, garantindo a extensão do seu poderio ao território pernambucano
através da indicação do então deputado Nilo de Souza Coelho ao governo
estadual.
Nascido em 1920, Nilo foi um dos mais
vigorosos políticos do clã. Em 1947 iniciou sua carreira política como deputado
estadual. Durante o último governo Vargas, em 1951, foi eleito deputado
federal. No ano em que ocorreu o golpe contra o governo do presidente João
Goulart, 1964, Nilo era o 1º secretário da Câmara e cumpriu importante papel de
apoio ao Presidente da República, general Castelo Branco, de quem recebeu, em
1967, a indicação para se tornar governador do estado pernambucano. Ainda
durante a Ditadura, em 1979, Nilo foi beneficiado com os votos do senador
arenista, Cid Sampaio, e garantiu ingresso ao senado, chegando ao cargo de
presidente daquela casa legislativa.
Nesse período a família Coelho conseguiu
capitanear vultosos recursos para o município e o Estado. Segundo Ruyter
Antônio Bezerra dos Santos, em pesquisa de mestrado, pela Universidade Federal
FRN, intitulada “Nas Sombras da Família Coelho: a dinâmica de uma dominação
política”, esses recursos serviram mais para a manutenção do grupo familiar que
para o beneficiamento da população.
Com o fim do bipartidarismo a Arena passou a
se chamar Partido Democrático e Social (PDS). Em 1983 o senador faleceu na
cidade de São Paulo, deixando um legado político para as próximas gerações do
clã. Em locais públicos, prédios e instituições de importância para o município
e o Estado, o nome do político está impresso em quase duas dezenas desses
espaços.
Da geração seguinte, Fernando Bezerra Coelho
(FBC), sobrinho de Nilo, é um dos políticos que tirou grande proveito do
tradicional domínio do grupo familiar. Nascido em 1957, Bezerra iniciou sua
carreira política em Pernambuco, quando foi eleito, em 1982, deputado estadual
pelo PDS. Quando a sigla mudou para Partido da Frente Liberal (PFL), lá estava
o deputado Bezerra Coelho. Em 1986, já no Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB) foi eleito deputado constituinte e reeleito em 1990, quando
renunciou para se tornar prefeito do município de Petrolina (1992-1996). No ano
2000, no Partido Socialista Popular (PPS), FBC iria governar a sua terra natal
pela segunda vez; foi reeleito em 2004 mas renunciou o mandato para assumir o
cargo de Secretário de Planejamento no governo de Eduardo Campos. Na ocasião,
Fernando Coelho filia-se ao Partido Socialista do Brasil (PSB), um dos
principais partidos de apoio aos governos Lula e primeiro governo Dilma. Essa
relação garantiu a FBC o cargo de Ministro da Integração Nacional entre 2011 e
2013.
Atualmente, Senador pelo PSB e, juntamente
com Fernando Bezerra Coelho Filho, deputado federal, tornaram-se importantes
lideranças nacionais da legenda, principalmente, após a morte do governador
Eduardo Campos, em 2014. Com a nova articulação política, de rompimento com o
governo Dilma, os Coelhos tornam-se articuladores e apoiadores do processo de
Impeachment contra a presidente, considerado por movimentos sociais, juristas e
pela imprensa internacional um golpe de Estado, já que não apresenta crime de
responsabilidade cometido pela chefe do executivo nacional e reúne quantidade
significativa de vícios, contradições jurídicas, morais e políticas, a começar
pelas votações, tanto na Câmara quanto no Senado, conduzidas e operadas por
políticos comprovadamente envolvidos com crimes de corrupção, como é o caso do
deputado Eduardo Cunha.
Miguel Coelho, Fernando Bezerra Coelho Filho e Fernando Bezerra Coelho |
Em dezembro de 2015, o ministro do Teori
Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou investigação do senador
FBC por suspeita de envolvimento num esquema que desviou milhões da Petrobrás,
investigado pela operação Lava Jato.
Ao observar a participação dos Coelhos na
história política do país, conclui-se que a Arena apoiou o golpe militar, que
mais tarde se denominou PSD, depois PFL, e atualmente Democratas (DEM), que
apoia o golpe contra o governo da presidenta Dilma, junto ao qual estão: PMDB,
PPS e PSB, todos partidos ligados à trajetória do clã petrolinense. Para não
deixar a capitania hereditária sem renovação no município, o filho de FBC,
Miguel Coelho, deputado estadual, se apresenta como grande opção para as
eleições municipais em 2016. No município um grupo significativo de vereadores
quando se apresentam na imprensa local utilizam a expressão, de viés
coronelista, “sou do grupo de Fernando”.
Quando puderam usufruir de importantes cargos
dos governos Lula e Dilma, eles comemoraram. No dia em que a presidenta Dilma
foi afastada do cargo, por um processo de Impeachment envolto de suspeitas,
vícios e desconfianças, eles também comemoram, numa íntima relação entre
oportunismo, traição e golpismo. Nos veículos de comunicação bradavam contra o
governo da presidenta Dilma, acusando-o de corrupção e de aprofundar a crise do
país. Agora, de mãos dadas com o novo governo, parecem esquecer ou não levar em
consideração o fato de o presidente em exercício, Michel Temer, e diversos dos
seus ministros serem investigados ou citados em operações da Polícia Federal
por crimes de corrupção, e não se importar com as medidas que haverão de
devastar direitos sociais e sacrificar ainda mais as classes trabalhadoras. Na
próxima eleição eles voltam, por bairros e povoados pobres de Petrolina, na
caça ao voto.
Cargos/Mandatos dos Coelho
Primeira geração
Coronel Quelê (Clementino Souza Coelho) – o
patriarca, foi subprefeito de Petrolina. Era casado com Josepha Coelho, com
quem teve 12 filhos.
Segunda geração
Dos onze filhos, cinco se envolveram com
política:
Nilo – deputado estadual e federal, senador e
governador de Pernambuco. Morreu em 1983, após sofrer um infarto enquanto
discursava no Senado.
Gercino – foi prefeito de Guanambi (BA) e
deputado estadual pela Bahia. Morreu em campanha em 1950.
Osvaldo – soma 44 anos de atuação no
Legislativo: três mandatos na Assembleia de Pernambuco e oito na Câmara dos
Deputados. Morreu em 2015.
José – foi deputado, prefeito de Petrolina e
senador. Morreu em 2007.
Geraldo – ex-deputado estadual e ex-prefeito
de Petrolina. Tem 90 anos.
Terceira geração
Fernando – ex-deputado federal, ex-prefeito
de Petrolina (por três vezes), ex-ministro da Integração Nacional e senador
eleito em 2014. É filho de Paulo Coelho.
Clementino – foi deputado federal e presidiu
a Codevasf. É irmão de Fernando.
Guilherme – filho de Osvaldo, é ex-prefeito
de Petrolina. Atual vice-prefeito, disputou vaga na Câmara em 2014, mas foi
derrotado.
Ciro – foi secretário estadual de Recursos
Hídricos e deputado estadual. É filho de José.
Nilo Moraes Coelho – filho de Gercino, é
ex-governador da Bahia e ex-prefeito de Guanambi. Em 2010, candidatou-se a
vice-governador na chapa de Paulo Souto (DEM), mas foi derrotado.
Quarta geração
Fernando Filho – deputado federal reeleito em
2014 para o terceiro mandato. Concorreu à Prefeitura de Petrolina em 2012. Foi
derrotado. É filho de Fernando Bezerra Coelho.
Miguel – deputado estadual eleito para o
primeiro mandato em 2014. É também filho de Fernando.
*Gilmar Santos é professor de História.
Por: Ponto Critico
http://pontocritico.org/