Lembramos trecho de uma materia publicada pelo Brasil de Fato em 06 de agosto de 2014,
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(...) Rentistas:
Para o doutor em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp e professor da Unifesp Daniel Feldmann, há um desejo de mudança pela necessidade de maximização dos lucros por parte dos rentistas e de uma percepção de que as equipes econômicas de Aécio neves e Eduardo Campos estejam mais alinhadas com seus interesses.
“Há uma crença majoritária da parte do setor rentista que seria melhor mudar de governo, mesmo que eles tenham prosperado de 2002 pra cá.
Isso tem relação também com viés ortodoxo das equipes econômicas de Campos e Aécio, o compromisso radical de ambas com a manutenção de políticas monetárias de juros altos e o aprofundamento do ajuste fiscal soam atrativos ao setor”, afirma Feldmann.
Segundo ele, “por mais que o governo Dilma não tenha se contraposto a eles durante seu mandato, parte das forças sociais que a apoiarão nas eleições levantam bandeiras como impostos sobre grandes fortunas, uma política tributária mais progressiva e uma discussão séria sobre a dívida pública brasileira. E isso, por motivos óbvios, mantém ainda barreiras entre tais setores e a candidatura”.
Bancos ganham sempre
Após 11 meses de altas consecutivas, o ciclo de alta da Taxa Básica de Juros (Selic), parece ter chegado ao fim na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Com a intenção de conter o índice de inflação pelo governo, o aumento da taxa é muito interessante para os bancos no Brasil.
Principais credores dos títulos públicos brasileiros, bancos e fundos ganham automaticamente mais quando o governo aumenta a taxa, já que terão uma porcentagem de lucros garantida, sem precisar correr maiores riscos, ao mesmo tempo em que aumenta os juros praticados na economia em geral.
“Como a rentabilidade dos títulos públicos há de subir com aumento de juros básicos, uma Selic mais alta aumenta a transferência de recursos líquidos do governo para os bancos. Assim, em termos deste tipo de ativo praticamente sem risco e com liquidez imediata, os bancos agradecem a cada aumento na taxa”, explica Daniel Feldmann.
Para ele, um aumento da Selic aumenta também o conjunto de taxas de juros praticados na economia. “Assim os rentistas, que extraem renda a partir de empréstimos e aplicações, irão abocanhar uma fatia maior da renda nacional, piorando por tabela a sua distribuição”, analisa.
O contrário, porém, não é necessariamente verdadeiro. Tanto é que a equipe econômica de Dilma, para retomar um crescimento mais robusto do Produto Interno Bruto (PIB), adotou durante 19 meses consecutivos uma política de queda na taxa de juros básica. Entre o dia 1º de setembro de 2011 e 7 de Março de 2013, baixou a taxa básica de juros de 12% ao ano para 7,25%, a menor da história.
Nesse período, os quatro maiores bancos do país somaram juntos, lucro de R$ 43,3 bilhões em 2012, ano em que cresceram menos. Feldman explica que os bancos conseguiram, mesmo em um cenário em que a taxa Selic caiu, se manter altamente lucrativos pois aumentaram o Spred bancário, a diferença da taxa que o banco paga aos clientes da que ele empresta.
“Em tese, não necessariamente uma taxa de juro básica mais baixa há de rebaixar o lucro dos bancos. Existem muitos estudos que mostram que na maioria dos casos que a Selic cai, o spread não se mantém no mesmo patamar, mas cresce”, afirmou. (Com informações de Altamiro Borges)
Bancos privados não cumprem seu papel no país
Altos juros, pouco prazo, lucros recordes e desemprego. Isso pode resumir a atuação dos bancos no território brasileiro.
Ano passado (2013), os seis maiores do país lucraram R$ 56,7 bilhões, 11,2% a mais que em 2012. Somente em 2014, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Santander e HSBC, no entanto, eliminaram 4.680 empregos. Desde 2012, os cinco já eliminaram 18.465 postos de trabalho.
(...) O professor Daniel Feldmann analisa que as taxas altas praticadas pelos bancos no Brasil são motivadas pela concentração de crédito na mão de poucas instituições, que podem trabalhar com taxas muito parecidas sem que exista uma concorrência de fato.
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“Uma combinação de crescimento do crédito, somado a um spread bancário dos maiores do mundo tem garantido resultados excelentes para os bancos. Deve-se ter em mente também a grande concentração do crédito nas mãos de apenas cinco bancos comerciais, o que ajuda a explicar o alto spread. As estatísticas mostram que, ao contrário que boa parte setor produtivo que patina com o fraco crescimento, os bancos tem se dado bem”(...).
Escrita por: Bruno Pavan de São Paulo (SP)
Na íntegra em:
https://www.brasildefato.com.br/node/29428/
Adatação de texto : Cicero Do Carmo
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