O
relatório de 2015 do Credit Suisse inclui pela primeira vez um estudo da
“classe média global”
Esta foi definida como possuidora de riqueza líquida de 50 mil a 500 mil
dólares nos EUA em meados de 2015 e valores equivalentes em outros países
segundo o poder aquisitivo local do dólar conforme a estimativa adotada pela
instituição
– por exemplo, de 13,7 mil a 137 mil dólares na Índia, 28 mil a 280
mil no Brasil ou na China e 72,9 mil a 729 mil na Suíça, de forma a obliterar o
efeito da variação cambial.
Em todo o mundo, 664 milhões se encaixam nessa
definição, com um patrimônio total de 80,7 trilhões (32% do total mundial),
média de 121,5 mil per capita.
Acima deles estão 96 milhões, com 150 trilhões (60% do total), 1,56 milhão por
proprietário. As duas camadas juntas detêm, portanto, 92% de todos os bens do
mundo.
O
relatório mostra uma sociedade global cada vez mais próxima
desses padrões antigos e medievais, e mais distantes daqueles atingidos pelos
países mais desenvolvidos nos anos do pós-Guerra. Desde o início da era
neoliberal, a riqueza acumula-se cada vez mais no topo, enquanto as maiorias
empobrecem em termos relativos e até absolutos.
As crises mostraram-se,
sobretudo, oportunidades de radicalizar esse processo: para conter as falências
em massa que agravariam a crise, valores imensos são mobilizados pelos Estados
para financiar os poderosos, cuja incompetência é premiada também com cortes de
impostos, salários e direitos trabalhistas, enquanto as massas pagam a conta
com um salário congelado ou reduzido e impostos mais altos, quando não perdem o
emprego e se endividam ainda mais.
O
crescimento de alguns países emergentes, principalmente a China, foi o único
fator importante a contrariar essa tendência geral, ao incorporar camadas
maiores da população à “classe média” mundial (apesar de, no caso chinês, isso
também aumentar sua desigualdade interna em relação às massas camponesas).
Mas
esse fator está em desaceleração, ao passo que as pressões para privilegiar
ainda mais os ricos e lhes dar maior liberdade de ação estão em alta em quase
toda parte e as crises em formação só tendem a reforçá-las.
Na integra em:
Adaptação: Cicero Do Carmo