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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Mostra de Danças Urbanas Ginga B.boys e B.girls em Recife, tem participante do Bairro João de Deus

Realizado pela Associação Metropolitana de HIP HOP Pernambuco, o evento acontece nos dias 22 e 23 de outubro na Torre Malakoff, no bairro do Recife Antigo, cidade do Recife-PE. 
A mostra está na sua 9ª edição e é parceira do 21º Festival de dança do Recife que acontece desde 2004.

E entre os(as) convidados, representando a cidade de Petrolina, esta a talentosíssima e parceira deste blog, a Popper Gessiane Nascimento de Azevedo (Gessy) do Bairro João de Deus, Zona Oeste de Petrolina- PE. 



É com imensa satisfação que o blog CPC (Central Popular de Comunicação) saúda tada a galera do Hip Hop e apóia esta grande iniciativa. 

Acompanhe toda a programação das atividades:



Por: Cicero Do Carmo




Reforma Agrária: e a criminalização dos movimentos

A tentativa de criminalização do Movimento Sem Terra de Goiás com base na lei das organizações criminosas deve ser repudiada e combatida.
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O trabalhador rural Luiz Batista Borges é mais um daqueles homens dos quais talvez nunca soubéssemos da existência, pois excluído da sociedade de consumo, logo seria invisibilizado não fosse a sua decisão de levantar-se do chão, como um personagem alentejano de Saramago, para exigir política pública de reforma agrária.

Foi a Constituição da República quem disse para Luiz que o Brasil deveria ser uma sociedade livre, justa e solidária, que a propriedade deveria cumprir sua função social e que a dignidade da pessoa humana deveria estar no centro das decisões políticas. Levantou-se, portanto, para exigir nada mais do que aquilo que lhe prometeram. Nada mais.

E, ao levantar-se juntamente com outros milhares para reivindicar a terra em Santa Helena de Goiás/GO, acabou preso. Acusam-no de fazer parte de uma organização criminosa. É a primeira vez que imputam o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de tal denominação.

Apesar de uma farta jurisprudência do STJ, STF e Tribunais de Justiça no sentido de que a luta do MST é um exercício de cidadania e que não há, portanto, que se confundir com crime, – ainda mais em um país em que grassa a desigualdade na distribuição da terra e da riqueza – a prisão de Luiz abre um perigoso precedente para as lutas sociais no Brasil.

Embora seja uma novidade a tentativa de enquadrar a luta do MST como organização criminosa, já nas manifestações de junho de 2013 este instrumento repressivo foi utilizado para conter lutas sociais.

A Anistia Internacional elaborou um relatório[1] crítico das instituições do sistema de justiça brasileiro e afirmou que “pessoas que nunca antes haviam se encontrado, mas que foram detidas na mesma manifestação, de modo impróprio, passaram a ser investigadas formalmente com base nessa lei, por supostamente integrarem uma organização criminosa".

A organização fala em “mau uso das leis”, mas aqui vale o ensinamento de Marcelo Semer quando diz que você pode escolher entrar num estado policial, mas não pode escolher sair dele. O “mau uso” ou o uso seletivo é a própria tônica do direito penal em uma sociedade de classes. De fato, a ampliação do estado policial e a entrada no ordenamento jurídico de leis como a das organizações criminosas e do terrorismo foi uma opção política que forneceu instrumentos repressivos de controle e contenção das lutas sociais.

Outro relatório, o da Comissão Nacional da Verdade, recomendou a revogação de leis que são frutos do estado autoritário, como a Lei de Segurança Nacional. O Brasil não só não o seguiu, como ampliou sua estrutura legislativa repressiva.

O erro político aqui é evidente. O discurso à época que seduziu o Poder Executivo foi o de que esta lei seria apenas para os grandes criminosos como Fernandinho Beira-Mar e não seria aplicada aos pobres. Baseado numa visão torpe de um “republicanismo” enviesado, se permitiu soltar, ao invés de reduzir entulhos autoritários, mais um monstro punitivista.

Para voltar ao trabalhador rural, principal objeto deste artigo, é preciso sempre lembrar a frase de um camponês de El Salvador, referida por José Jesus de La Torre Rangel: “A lei é como a serpente; só pica os descalços”. Apesar de certa ingenuidade em setores da centro-esquerda com relação ao direito penal, está cada vez mais evidente que ele tem alvo certo e inequívoco.

A tentativa de criminalização do Movimento Sem Terra de Goiás com base na lei das organizações criminosas deve ser repudiada e combatida. Assim como sua aplicação a integrantes de movimentos ou ativistas dos centros urbanos.

Parlamentares e juristas, preocupados com o uso da lei de organização criminosa contra os movimentos sociais já articulam uma moção de solidariedade a Luiz Batista e de repúdio à criminalização do protesto.

Em tempos de retomada do neoliberalismo no Brasil, o uso de instrumentos repressivos contra organizações e movimentos será a tônica. A luta social, para esta visão de mundo, é caso de polícia.

Oxalá o Tribunal de Justiça de Goiás não aceite o teratológico enquadramento dos trabalhadores rurais sem terra como organização criminosa. Assim, os trabalhadores rurais poderão seguir sua sina de lutar pela terra e tentar amenizar as desigualdades sociais no sertão onde campeia a injustiça histórica. A mesma injustiça da qual foram acometidos os Mau-Tempo do romance português.

E a reforma agrária que esses trabalhadores tanto sonham e que a tanto tempo os faz caminhar pelos sertões e veredas desse país é uma promessa da Constituição da República de 1988 ainda não cumprida, como ainda não realizadas tantas outras.

Quem sabe Luiz Batista ainda possa realizar o sonho de morrer de bem com a sua própria terra, e plantar a cana, o inhame e a abóbora onde só vento se semeava outrora. Por enquanto, sem liberdade, resta esperar por justiça. E o verbo esperar tem sido a sentença da sua própria vida.

Por: Patrick Mariano do Justificando

Patrick Mariano  é escritor. Junto a Marcelo Semer, Rubens Casara, Márcio Sotelo Felippe e Giane Ambrósio Álvares, assina a coluna Contra Correntes, publicada todo sábado no Justificando.

Nova delação contra a cúpula do governo Temer


Neste fim de semana, repercutiu a notícia de que os integrantes do círculo mais próximo de Temer teriam recebido gordas propinas do esquema da Odebrecht. 

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Só o Moreira Franco (um dos articulados da "Ponte para o Futuro" e das políticas de cortes sociais e privatizações) teria recebido R$ 3 milhões em propina.


As denúncias contra os integrantes do núcleo duro de Temer aumentam ainda mais a ilegitimidade deste governo, que tenta impor mudanças constitucionais que retiram direitos de milhões de brasileiros sem ter passado pelo crivo das urnas.

E este não é o primeiro homem próximo de Temer a ser denunciado. Outros três ministros do atual governo já caíram antes mesmo da votação do impeachment, em razão de denúncias no âmbito da Lava Jato. 

Foram eles: Romero Jucá (Planejamento), Henrique Alves (Turismo) e Fabiano Silveira (Transparência, Fiscalização e Controle). O próprio Temer foi citado 24 vezes na delação de Sérgio Machado, em posse dos investigadores.


O delator foi Claudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, e sua declaração, segundo a imprensa, cedida à Procuradoria-Geral da República, imputa a Moreira Franco participação em esquema de corrupção. 

Em troca dos R$ 3 milhões - de "propina" e não de doação eleitoral, enfatizou Melo -, ele teria cancelado um plano para a construção de um terceiro aeroporto internacional de São Paulo, em Caieiras.

No caso de Moreira Franco, o pagamento de propina teria sido pago para barrar a construção de um novo aeroporto em Caieiras - projeto até então defendido pelo atual secretário de Privatizações e Concessões – já que projeto contrariava os interesses da Odebrecht e de Léo Pinheiros, da OAS.

“O projeto preocupava Odebrecht e Léo Pinheiro, da OAS, porque iria concorrer diretamente com a operação de outros três aeroportos – Galeão, no Rio, Viracopos, em Campinas, e Cumbica, em Guarulhos. 

Os concessionários desses três aeroportos ficaram incomodados porque fizeram investimentos pesados. No Galeão, a Odebrecht venceu leilão de concessão com promessa de desembolso da ordem de R$ 20 bilhões. 

A conversa com o então ministro da Aviação Civil teria ocorrido em maio de 2014, quando ele abriu a negociação para que o governo autorizasse outras duas empreiteiras, a Andrade Gutierrez e a Camargo Corrêa, a construir o empreendimento em Caieiras”. Estadão (15 de outubro de 2016).


Moreira Franco refutou as acusações, embora não tenha negado que tenha conversado com o executivo da Odebrecht sobre o assunto. Quanto à desistência do projeto de construir o aeroporto em Caieiras, atribuiu esta decisão a questões “técnicas”.


O executivo da Odebrecht teria citado também outros dois nomes do círculo de confiança de Temer: Romero Jucá (atual presidente do PMDB) e Geddel Vieira Lima (Secretário de Governo). 

O primeiro teria recebido R$ 10 milhões em propina para que trabalhasse pelos interesses da companhia em Projeto de Lei e Medidas Provisórias que tramitam no Congresso – o dinheiro teria sido pago por meio de doações legais e ilegais. 

Sobre o segundo o delator teria contado detalhes do financiamento de sua campanha eleitoral, relatando supostas ilegalidades.


Diante do fato, o mais importante é que a denúncia feita em delação seja investigada a fundo, e que a justiça o faça com celeridade. 

Afinal de contas, esta não é a primeira e nem será a última, já que Claudio Melo Filho é um dos 52 ex-dirigentes da Odebrecht que negociam delação premiada, no bojo da mais esperada das delações: a de Marcelo Odebrecht, presidente afastado do Grupo e preso desde 19 e junho de 2015.


Se a seletividade e inercia não comandarem o processo de investigações, tais delações deverão atingir duramente o núcleo político do PMDB e do PSDB, abrindo assim uma nova etapa da crise política nacional. 

E justamente por temerem este risco iminente que estes partidos articulam manobras para salvar a própria pele. 

Após terem fracassado em sua tentativa e aprovarem a anistia para o crime de Caixa 2 na Câmara dos Deputados, setores do PMDB e PSDB articulam agora aprovar esta medida no Senado, no bojo da Reforma Política que está em discussão naquela casa. 

Tudo isso para tentar amenizar os efeitos das delações que estão sendo negociadas com o ex-presidente e os executivos da Odebrecht.


A sociedade brasileira precisa pressionar e a justiça deve atuar com rapidez, não desperdiçando esta nova chance de demonstrar que sua atuação não é parcial ou seletiva.

Sala das Sessões, 18 de outubro de 2016.

Fonte: Ivan Valente
Deputado Federal, PSOL/SP

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