AO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO DISTRITO DE IRRIGAÇÃO NILO COELHO
No dia 18 de dezembro de 2014, o Conselho de Administração do Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho – DINC(Petrolina, PE), falando em nome do sentimento de seus usuários (consultados?), publicou Nota de Repúdio (dinc.org.br/?p=532) contra o que chamam de “atos de desobediência às leis e à ordem pública praticados pelos membros do MST”, em “sucessivas e crescentes invasões dentro da área do perímetro”.
Após outras insinuações e acusações,
tal Conselho afirma não fazer “apologia ao conflito de classes ou
ideologias político-partidárias”, embora torne público seu ”temor com os
rumos que o governo federal está dando a este assunto”.
Ora, bem diferente do que tenta fazer acreditar, a Nota do Conselho é
um explícito documento de classe, refletindo o posicionamento político
das oligarquias rurais, históricos inimigos das lutas populares por
terra e água em nosso país.
Isso se evidencia no uso de artimanhas
já bem conhecidas de criminalização e deslegitimação do MST junto à
opinião pública: por exemplo, o uso recorrente de termos como “invasão” e
as calúnias de ilegalidade, oportunismo e irresponsabilidade. Também o
evidenciam o momento da publicação, feita após uma eleição nacional que
acirrou as tensões entre as forças sociais progressistas e conservadoras
do país.
O Brasil nunca realizou uma verdadeira
Reforma Agrária. As oligarquias rurais, sempre se fizeram presentes na
estrutura de poder brasileira, foram capazes de barrar qualquer proposta
dessa natureza que alterasse a estrutura fundiária brasileira.
O MST, em seus 30 anos de existência,
provou que sua luta é legítima e necessária e que a solução para esses
conflitos só ocorrerá com a democratização da terra e dos meios para a
produção, no caso específico a irrigação.
É em função disso tudo que nós
assinamos este documento, no qual denunciamos e repudiamos a
deslegitimação e a criminalização ao MST dessa Nota do Conselho de
Administração do Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho – DINC e
cobramos da CODEVASF, do INCRA e do Governo Federal uma saída política
ao conflito que passa pelo assentamento das famílias acampadas nos
perímetros irrigados e por um plano de assentamento de novas famílias
nas terras irrigadas existentes e nos novos projetos em construção.
Assinam:
1) Consulta Popular
2) Grupo de Pesquisa em Educação, Cultura, Política e Sociedade (IF Sertão PE)
3) Levante Popular da Juventude
4) SINASEFE – IF Sertão PE (Seção
Sindical do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação
Básica, Profissional e Tecnológica no Instituto Federal do Sertão
Pernambucano)