À frente da tramitação do
impeachment da presidente Dilma Rousseff na
Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
saiu fortalecido após a votação do impedimento no plenário. Cresce dentro da
Câmara a defesa de um tipo de anistia ao peemedebista.
Reú na Lava Jato por corrupção
e lavagem de dinheiro, Cunha é alvo de processo de quebra de decoro no Conselho
de Ética, o que poder levar à cassação do mandato. Ele é acusado de mentir à
CPI da Petrobras ao negar ter contas no exterior. Instaurado em 3 de novembro,
a admissibilidade do caso só foi aprovada em 1º de março, devido a manobras de
aliados do peemedebista.
Defensor do impeachment e
próximo a Cunha, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) saiu em defesa do
presidente da Câmara. “Eduardo Cunha exerceu um papel fundamental para
aprovarmos o impeachment da presidente. Merece ser anistiado”, disse ao Congresso em Foco.
Além do clima de gratidão à
atuação de Cunha na tramitação do processo contra Dilma, substituições no
Conselho também aumentam o risco de anistia. Na semana passada, o deputado
Fausto Pinato (PP-SP), primeiro relator do caso no colegiado e adversário de
Cunha, renunciou ao posto.
No seu lugar, entrou a
deputada Tia Eron (PRB-BA), integrante da bancada evangélica, assim como Cunha,
e admiradora do peemedebista. “É um presidente que fez essa Casa produzir como
nunca, que limpou as gavetas de projetos que estavam parados, tem minha
admiração e meu respeito”, disse ao assumir o posto.
Diferente da posição contundente
de enfrentamento a Cunha adotada em novembro, partidos de oposição também têm
recuado. Parlamentares do PSOL e Rede, autores da representação contra Cunha no
colegiado, ainda apostam na saída do peemedebista. “Vamos manter nossa posição
de enfrentamento”, disse ao HuffPost Brasil o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).
O colegiado recebeu neste mês parecer técnico do Banco
Central em que a autarquia afirma que, "para além de
toda dúvida razoável", ficou comprovada a manutenção de recursos no
exterior e que Cunha tinha que declará-los às autoridades brasileiras. O
relator, deputado Marcos Rogério (DEM-RO) espera apresentar o parecer até 19 de
maio.
A próxima testemunha a ser
ouvida será Fernando Baiano, lobista e operador de propinas do PMDB no esquema
de corrupção na Petrobras. Em depoimento na Lava Jato, ele citou Cunha como
beneficiário de valores ilícitos. O depoimento, em Curitiba, está previsto para
a próxima semana.
HuffPost Brasil | De Marcella Fernandes
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