"Os
políticos que votam o impeachment da presidente do Brasil são mais acusados de
corrupção que ela".
Este é o título de matéria publicada nesta
segunda-feira (28) pelo jornal norte-americano Los Angeles Times, que expõe a
contradição e o absurdo do atual cenário político brasileiro.
O
periódico dos Estados Unidos divulga um levantamento feito pela ONG
Transparência Brasil sobre os políticos que estão responsáveis por analisar o
pedido de impeachment. A partir dos dados fornecidos, o jornal conclui: “A
Comissão do Congresso que ajudará a decidir o destino de Dilma Rousseff tem
seus próprios problemas jurídicos”. Dos 65 membros da Comissão do Impeachment,
37 enfrentam acusações de corrupção ou outros crimes graves.
"Cinco membros da comissão são acusados de lavagem de dinheiro, outros 6
de conspiração e 19 são investigados por irregularidades nas contas; 33 são
acusados ou de corrupção ou de improbidade administrativa; ao todo, 37 membros
foram acusados, alguns deles de crimes múltiplos", afirma o jornal.
O texto mostra que a comissão, na verdade, é um espelho do próprio Congresso,
já que dos 513 deputados brasileiros, 303 estão sendo investigados por graves
crimes. E, no Senado, 49 dos 81 parlamentares estão na mesma situação. O Los Angeles Times acrescenta que os dados fornecidos
pela ONG ainda não incluem as informações mais recentes da 26ª fase da Operação
Lava Jato, deflagrada na semana passada.
“Dilma Rousseff, por outro lado, nunca foi formalmente investigada ou acusada
de corrupção, embora seja extremamente impopular e considerada culpada pela
recessão profunda em que o país se encontra", afirma o jornal, lembrando
que, para tirá-la do poder, os deputados se valem da acusação de que a
presidenta teria feito manobras orçamentárias para melhorar as contas do país.
“O processo de cassação foi recentemente acelerado por Eduardo Cunha,
presidenteda Câmara Baixa do Congresso, a Câmara dos Deputados. (...) Se o
processo for adiante, Dilma terá muita companhia no sistema de jurídico do
Brasil”, diz o jornal, citando alguns dos políticos que são a favor do
impeachment, mas respondem por sérias acusações.
O primeiro mencionado pela publicação é o vice-presidente Michel Temer (PMDB),
que assumiria em caso de derrubada de Dilma. "Michel Temer é suspeito, em
investigações da Lava Jato, de estar envolvido em um esquema de compra ilegal
de etanol", diz o texto, em referência à delação do senador Delcídio do
Amaral.
Em seguida, o periódico destaca que o senador tucano Aécio Neves, “que perdeu
por pouco para Dilma Rousseff, em 2014, foi citado na planilha publicada semana
passada [da Odebrecht]”, Além disso, o Los Angeles Times afirma que documentos
obtidos durante as apurações indicariam que a família de Aécio manteria contas
bancárias secretas em Liechtenstein, algo também mencionado por Delcídio.
O texto faz referência ainda ao fato de o ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf
(PP), também ser membro da comissão do impeachment. O jornal publica que ele
tem sido "procurado pela Interpol” e que “um tribunal de Paris
recentemente o condenou à revelia por lavagem de dinheiro e crime
organizado".
“Isto significa que uma das pessoas ajudando a decidir o curso do impeachment
aqui pode não ser capaz de deixar o Brasil, por medo de ser preso fora de suas
fronteiras”, estampa o periódico.
Do Portal
Vermelho