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quarta-feira, 30 de março de 2016

LA Times expõe o absurdo: Presidenta idônea é julgada por corruptos

"Os políticos que votam o impeachment da presidente do Brasil são mais acusados de corrupção que ela".
Este é o título de matéria publicada nesta segunda-feira (28) pelo jornal norte-americano Los Angeles Times, que expõe a contradição e o absurdo do atual cenário político brasileiro. 
O periódico dos Estados Unidos divulga um levantamento feito pela ONG Transparência Brasil sobre os políticos que estão responsáveis por analisar o pedido de impeachment. A partir dos dados fornecidos, o jornal conclui: “A Comissão do Congresso que ajudará a decidir o destino de Dilma Rousseff tem seus próprios problemas jurídicos”. Dos 65 membros da Comissão do Impeachment, 37 enfrentam acusações de corrupção ou outros crimes graves.
"Cinco membros da comissão são acusados de lavagem de dinheiro, outros 6 de conspiração e 19 são investigados por irregularidades nas contas; 33 são acusados ou de corrupção ou de improbidade administrativa; ao todo, 37 membros foram acusados, alguns deles de crimes múltiplos", afirma o jornal.
O texto mostra que a comissão, na verdade, é um espelho do próprio Congresso, já que dos 513 deputados brasileiros, 303 estão sendo investigados por graves crimes. E, no Senado, 49 dos 81 parlamentares estão na mesma situação. O Los Angeles Times acrescenta que os dados fornecidos pela ONG ainda não incluem as informações mais recentes da 26ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na semana passada.
“Dilma Rousseff, por outro lado, nunca foi formalmente investigada ou acusada de corrupção, embora seja extremamente impopular e considerada culpada pela recessão profunda em que o país se encontra", afirma o jornal, lembrando que, para tirá-la do poder, os deputados se valem da acusação de que a presidenta teria feito manobras orçamentárias para melhorar as contas do país.
“O processo de cassação foi recentemente acelerado por Eduardo Cunha, presidenteda Câmara Baixa do Congresso, a Câmara dos Deputados. (...) Se o processo for adiante, Dilma terá muita companhia no sistema de jurídico do Brasil”, diz o jornal, citando alguns dos políticos que são a favor do impeachment, mas respondem por sérias acusações. 
O primeiro mencionado pela publicação é o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que assumiria em caso de derrubada de Dilma. "Michel Temer é suspeito, em investigações da Lava Jato, de estar envolvido em um esquema de compra ilegal de etanol", diz o texto, em referência à delação do senador Delcídio do Amaral. 
Em seguida, o periódico destaca que o senador tucano Aécio Neves, “que perdeu por pouco para Dilma Rousseff, em 2014, foi citado na planilha publicada semana passada [da Odebrecht]”, Além disso, o Los Angeles Times afirma que documentos obtidos durante as apurações indicariam que a família de Aécio manteria contas bancárias secretas em Liechtenstein, algo também mencionado por Delcídio. 
O texto faz referência ainda ao fato de o ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PP), também ser membro da comissão do impeachment. O jornal publica que ele tem sido "procurado pela Interpol” e que “um tribunal de Paris recentemente o condenou à revelia por lavagem de dinheiro e crime organizado".
“Isto significa que uma das pessoas ajudando a decidir o curso do impeachment aqui pode não ser capaz de deixar o Brasil, por medo de ser preso fora de suas fronteiras”, estampa o periódico. 



Do Portal Vermelho

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