Comunidade de atingidos por Belo Monte ocupou terreno abandonado há cinco anos em Brasil Novo (PA). Famílias ainda lutam por políticas públicas no local.
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Caminhada na manhã de sábado (6) em comemoração aos 5 anos da comunidade Novo Horizonte |
Primeiro era “acampamento”. Rejeitando o nome pejorativo de “invasão”, os moradores reafirmaram: “ocupação”. E hoje, embora a terra ainda não esteja regularizada, o povo todo da cidade já chama pelo nome: Bairro Novo Horizonte. A comunidade, organizada no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), comemorou neste sábado (6 de janeiro) cinco anos de luta por moradia. O bairro surgiu com a ocupação de um terreno abandonado no município de Brasil Novo, na região atingida pela hidrelétrica de Belo Monte (PA), por cerca de 200 famílias.
A comemoração começou logo de manhã cedo. Apesar do tempo de chuva, os moradores fizeram uma caminhada pelo centro da cidade. Contaram com a animação do batuque da Brigada de Agitação e Propaganda "Haydèe Santamaría", organizada pelos jovens do MAB.
À noite, houve uma cerimônia política com a presença de apoiadores e aliados. O prefeito Alexandre Lunelli (PT) também compareceu à atividade e reafirmou o compromisso com o atendimento da pauta da comunidade (leia abaixo).
Também teve apresentação do grupo de dança da comunidade, Explosão Novo Horizonte, e da batucada da juventude, além do corte de um bolo gigante feito com a contribuição dos moradores. E um arrasta-pé para encerrar a noite com muita animação!
Histórico
O terreno que deu origem ao Novo Horizonte, próximo ao bairro Cidade Alta, fora doada pela prefeitura para o governo do estado do Pará, para a construção de uma escola. A construção nunca foi feita e o terreno passou a ser usado por usuários de drogas e exploradores da prostituição.
As pessoas que ocuparam o local são em sua maioria trabalhadores rurais, pequenos comerciantes, idosos e trabalhadoras domésticas. Elas viviam de aluguel, quando foram atingidas pela construção da hidrelétrica de Belo Monte: a obra trouxe o aumento no preço dos aluguéis, que passaram de R$ 100 para até R$ 500 em Brasil Novo, e muitos se tornaram sem teto. Sem condições de pagar aluguel, na madrugada do dia 6 de janeiro de 2013, fizeram a ocupação.
Organizadas e com apoio da igreja, conseguiram impedir uma tentativa de reintegração de posse que ocorreu dias depois. Quando compreenderam serem atingidas por Belo Monte, realizaram um “casamento” simbólico com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e hastearam a bandeira do MAB na entrada do bairro.
No Movimento, os moradores se entenderam como sujeitos de direitos, e não "invasores" criminosos. Eles organizaram sua pauta de reivindicações: regularização dos terrenos, energia elétrica, fornecimento de água, transporte escolar, abertura das ruas, coleta de lixo...
A partir daí, a comunidade passou a participar de todas as lutas e jornadas do MAB na região. Com as lutas, vieram as conquistas. A primeira delas se deu quando o governo do estado firmou o compromisso de não realizar a reintegração de posse da área. Dois anos depois, o atual prefeito do município de Brasil Novo foi eleito com a promessa de concluir os trâmites para retomar a posse sobre o local e regularizá-lo para a moradia popular. Nesse período a energia elétrica também chegou para as famílias através do programa do governo federal Luz para Todos.
A conquista mais recente se deu com o início da perfuração de um poço para o abastecimento de água no final do ano passado. Era uma das demandas mais antigas dos moradores. Atualmente os trabalhos estão parados pois, segundo a prefeitura, o equipamento quebrou.
Apesar dos avanços, a comunidade do bairro Novo Horizonte continua organizada no MAB. Ainda há muitas conquistas por vir: a regularização definitiva do bairro, a continuidade da construção do poço, a instalação de iluminação pública, entre outras demandas. Persiste o desafio da comunidade se organizar mais e mais no MAB, fortalecer seus grupos de base e integrar a juventude nessa luta.
Resposta à pauta da comunidade
Na cerimônia de comemoração dos 5 anos do Novo Horizonte, o prefeito Alexandre Lunelli afirmou que, nesta próxima quarta-feira (10), vai se reunir com a Secretaria de Educação do Estado para tratar da construção de uma escola de ensino médio no município (Brasil Novo tem 15 mil habitantes e nenhuma escola de ensino médio). Na ocasião, se comprometeu a tratar da transferência do terreno do Novo Horizonte para a prefeitura.
Com relação à continuidade da perfuração do poço de abastecimento de água da comunidade, disse que o maquinário já se encontra disponível e os trabalhos continuarão no próximo dia 18/01. Já a iluminação pública, outra demanda prioritária da comunidade, continua sem previsão. Segundo o prefeito, ainda terá que fazer licitação.
À noite, houve uma cerimônia política com a presença de apoiadores e aliados. O prefeito Alexandre Lunelli (PT) também compareceu à atividade e reafirmou o compromisso com o atendimento da pauta da comunidade (leia abaixo).
Também teve apresentação do grupo de dança da comunidade, Explosão Novo Horizonte, e da batucada da juventude, além do corte de um bolo gigante feito com a contribuição dos moradores. E um arrasta-pé para encerrar a noite com muita animação!
Histórico
O terreno que deu origem ao Novo Horizonte, próximo ao bairro Cidade Alta, fora doada pela prefeitura para o governo do estado do Pará, para a construção de uma escola. A construção nunca foi feita e o terreno passou a ser usado por usuários de drogas e exploradores da prostituição.
As pessoas que ocuparam o local são em sua maioria trabalhadores rurais, pequenos comerciantes, idosos e trabalhadoras domésticas. Elas viviam de aluguel, quando foram atingidas pela construção da hidrelétrica de Belo Monte: a obra trouxe o aumento no preço dos aluguéis, que passaram de R$ 100 para até R$ 500 em Brasil Novo, e muitos se tornaram sem teto. Sem condições de pagar aluguel, na madrugada do dia 6 de janeiro de 2013, fizeram a ocupação.
Organizadas e com apoio da igreja, conseguiram impedir uma tentativa de reintegração de posse que ocorreu dias depois. Quando compreenderam serem atingidas por Belo Monte, realizaram um “casamento” simbólico com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e hastearam a bandeira do MAB na entrada do bairro.
No Movimento, os moradores se entenderam como sujeitos de direitos, e não "invasores" criminosos. Eles organizaram sua pauta de reivindicações: regularização dos terrenos, energia elétrica, fornecimento de água, transporte escolar, abertura das ruas, coleta de lixo...
A partir daí, a comunidade passou a participar de todas as lutas e jornadas do MAB na região. Com as lutas, vieram as conquistas. A primeira delas se deu quando o governo do estado firmou o compromisso de não realizar a reintegração de posse da área. Dois anos depois, o atual prefeito do município de Brasil Novo foi eleito com a promessa de concluir os trâmites para retomar a posse sobre o local e regularizá-lo para a moradia popular. Nesse período a energia elétrica também chegou para as famílias através do programa do governo federal Luz para Todos.
A conquista mais recente se deu com o início da perfuração de um poço para o abastecimento de água no final do ano passado. Era uma das demandas mais antigas dos moradores. Atualmente os trabalhos estão parados pois, segundo a prefeitura, o equipamento quebrou.
Apesar dos avanços, a comunidade do bairro Novo Horizonte continua organizada no MAB. Ainda há muitas conquistas por vir: a regularização definitiva do bairro, a continuidade da construção do poço, a instalação de iluminação pública, entre outras demandas. Persiste o desafio da comunidade se organizar mais e mais no MAB, fortalecer seus grupos de base e integrar a juventude nessa luta.
Resposta à pauta da comunidade
Na cerimônia de comemoração dos 5 anos do Novo Horizonte, o prefeito Alexandre Lunelli afirmou que, nesta próxima quarta-feira (10), vai se reunir com a Secretaria de Educação do Estado para tratar da construção de uma escola de ensino médio no município (Brasil Novo tem 15 mil habitantes e nenhuma escola de ensino médio). Na ocasião, se comprometeu a tratar da transferência do terreno do Novo Horizonte para a prefeitura.
Com relação à continuidade da perfuração do poço de abastecimento de água da comunidade, disse que o maquinário já se encontra disponível e os trabalhos continuarão no próximo dia 18/01. Já a iluminação pública, outra demanda prioritária da comunidade, continua sem previsão. Segundo o prefeito, ainda terá que fazer licitação.
Fonte: MAB Movimento dos Atingidos por Barragens