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terça-feira, 23 de setembro de 2014

Justiça brasileira reconhece Crimes contra Povos Indígenas

Momento histórico da Justiça Brasileira !

No dia 19 de setembro (sábado), fora julgado pela primeira vez no Brasil, processos de anistia solicitado por um povo indígena.



O Presidente da comissão de anistia Paulo Abraão declara oficialmente “A partir de hoje a história do Brasil tem que ser contada diferente”. O Estado brasileiro reconhece sua ação de exceção-repressão a povos indígenas, pede oficialmente perdão por essas ações e concede reparação de 120 salários mínimos a cada um.

Foram reconhecidos os crimes de exceção praticados pelos militares contra uma aldeia de indígenas ( etnia  Aikewara conhecidos como  Suruís) de pouco contato e que praticamente não falavam português. Composta de apenas 40 adultos, a aldeia foi aterrorizada com a instalação de uma base militar ao lado.
Os homens foram praticamente todos obrigados a participar diretamente em serviços forçados, especialmente carregar munição, alimentos e pessoas assassinadas. Uma situação de horror que traumatizou a população da aldeia. Isso por três anos ( 1972 a 1975 – período do combate e extermínio da Guerrilha do Araguaia no sul do Pará) .

Em seus depoimentos os índios presentes relataram as crueldades, atrocidades e humilhações a que foram submetidos. Os militares nos ameaçavam e intimidavam dizendo que se não participássemos das ações perderíamos a terra.  Além disso, nos colocavam na frente das operações para que morrêssemos primeiro.
Dos 16 pedidos analisados, 14 foram reconhecidos pela Comissão.

Conforme a coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, trata-se de “um caso emblemático, pois, através dele abre-se uma nova perspectiva para que o Estado Brasileiro peça perdão aos povos indígenas de todo o país por todas as barbaridades que ocorreram...

Sempre se fala em dívida histórica com os povos indígenas, como algo de um passado distante. Poucos percebem que o genocídio dos povos indígenas segue se repetindo e que a construção de uma nação democrática depende de uma justiça de transição ampla para com os povos originários dessa terra, alvos da opressão primeira, que deu origem a essa nação”.


Por Egon Heck e Laila Menezes do CIMI

Adaptado por Cicero Do Carmo

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