Momento histórico da Justiça Brasileira !
No dia 19 de setembro (sábado), fora
julgado pela primeira vez no Brasil, processos de anistia solicitado por um povo indígena.

Foram reconhecidos os crimes de exceção praticados pelos
militares contra uma aldeia de indígenas ( etnia Aikewara conhecidos como Suruís) de pouco contato e que praticamente
não falavam português. Composta de apenas 40 adultos, a aldeia foi aterrorizada
com a instalação de uma base militar ao lado.
Os homens foram praticamente todos obrigados a participar
diretamente em serviços forçados, especialmente carregar munição, alimentos e
pessoas assassinadas. Uma situação de horror que traumatizou a população da
aldeia. Isso por três anos ( 1972 a 1975 – período do combate e extermínio da
Guerrilha do Araguaia no sul do Pará) .
Em seus depoimentos os índios presentes
relataram as crueldades, atrocidades e humilhações a que foram submetidos. Os
militares nos ameaçavam e intimidavam dizendo que se não participássemos das
ações perderíamos a terra. Além disso, nos
colocavam na frente das operações para que morrêssemos primeiro.
Dos 16 pedidos analisados, 14 foram reconhecidos pela
Comissão.
Conforme a coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, trata-se de “um caso emblemático, pois, através dele abre-se uma nova perspectiva para que o Estado Brasileiro peça perdão aos povos indígenas de todo o país por todas as barbaridades que ocorreram...
Sempre se fala em dívida histórica com os povos indígenas, como algo de um passado distante. Poucos percebem que o genocídio dos povos indígenas segue se repetindo e que a construção de uma nação democrática depende de uma justiça de transição ampla para com os povos originários dessa terra, alvos da opressão primeira, que deu origem a essa nação”.
Por
Egon Heck e Laila Menezes do CIMI
Adaptado por Cicero Do Carmo