Fabiane Vick trouxe para a organização informações sobre
casos da comunidade Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul; representante de
departamento do governo relata que crianças também estão se matando.
Fabiane Vick. Foto: Rádio ONU |
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
O suicídio foi um dos temas abordados esta semana no
Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas. A representante da Secretaria
Especial de Saúde Indígena, órgão ligado ao Ministério da Saúde do Brasil, veio
a Nova York mostrar alguns dados.
A apresentação de Fabiane Vick focou especificamente nos
casos de suicídio na comunidade Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul. Em
entrevista à Rádio ONU, a especialista relatou um dado chocante, sobre crianças
de até 10 anos que se mataram.
Alto Índice
"Especificamente com os Guarani-Kaiowá, que é a
população indígena que mais comete suicídio em todo o território brasileiro, nós
tivemos em 2015, 45 casos de suicídio em Mato Grosso do Sul. 73% são do sexo
masculino e 27% do sexo feminino. Os maiores índices ocorrem entre jovens de 10
a 19 anos. Essa faixa etária corresponde a 61% de todos os casos de suicídio
indígena."
Fabiane Vick destaca que os números são os maiores de
suicídio indígena em todo o Brasil. Ao ser questionada o que estaria levando os
jovens a cometerem suicídio, a especialista da Secretaria de Saúde Indígena
explica que as causas são econômicas, sociais e culturais.
Família
"A questão do choque cultural é um fator que
contribui bastante, a falta de perspectiva de vida nesses jovens. Essas
aldeias, especificamente no Mato Grosso do Sul, estão muito próximas dos
centros urbanos. Além da questão da pobreza, que infelizmente tem impacto
direto porque as famílias entram em crises. Existe também ausência dos pais
dentro da dinâmica familiar, em função de terem que ir em busca de um emprego e
essas crianças muitas vezes ficam abandonadas."
Segundo a representante, seu trabalho está voltado para a
prevenção e intervenção das tentativas de suicídio, com a atuação de
psicólogos, de professores das escolas indígenas e apoio de rezadores
tradicionais e líderes das aldeias.
O Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas
termina nesta sexta-feira. Participaram cerca de 1 mil representantes das
comunidades nativas e de governos. O tema da reunião este ano foi prevenção de
conflitos e paz, assuntos ligados à questão da demarcação de terras.
Fonte: RADIO ONU
Fonte: RADIO ONU