Entidades pedem que instituições sejam respeitadas e que
diálogo político prevaleça.
Diversas igrejas cristãs têm se posicionado sobre o atual
momento político vivido no país. Apesar de ressaltarem aspectos diferentes em
relação à conjuntura, o elemento comum entre as manifestações é a defesa da
democracia, das instituições e das regras do Estado de Direito.
Imagem Cicero Do Carmo |
A Presidência do Conselho Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) emitiu nota, no dia 10 de março, em que
afirma que “as manifestações populares são um direito democrático que deve ser
assegurado a todos pelo Estado. Devem ser pacíficas, com o respeito às pessoas
e às instituições. É fundamental garantir o Estado democrático de direito”.
O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic),
entidade de caráter ecumênico, lançou manifesto– um dia após a
manifestação da CNBB – em que incentiva o povo brasileiro a expressar, “diante
da polarização estimulada por uma mídia partidarizada e tendenciosa,
pacificamente, sua opinião e posição sobre o momento político que vivemos e
evite o incentivo e a prática de qualquer tipo de violência e ilegalidade”.
“Precisamos, antes de tudo, preservar a nossa jovem
democracia, o Estado de direito e as conquistas sociais que a sociedade
brasileira alcançou nos últimos anos”, diz a nota do Conic.
Os luteranos, por meio do pastor
presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, reforçaram o
pedido por uma resolução democrática para a crise. “O Brasil conquistou a
democracia a duras penas. Um dos componentes imprescindíveis para que a
democracia cresça e floresça chama-se diálogo. Em lugar da palavra são
colocados gritos, empurrões. Cresce o confronto a qualquer custo. Será que
estamos esquecendo o que conquistamos a duras penas?”.
A Igreja Presbiteriana Unida, em manifestação, condenou a
cobertura que a imprensa vem realizando sobre a Lava Jato. “Essa
espetacularização de atividades meramente investigativas tem criado um caldo de
cultura pernicioso, permeado pelo ódio ao que pensa diferente e que, caso não
haja cautela da parte daqueles que conduzem tais investigações e da elite
política deste país, poderá se degenerar e transformar nossas ruas em palcos de
banhos de sangue”, afirmou em nota.
O posicionamento mais
contundente veio da Igreja Episcopal e Anglicana do Brasil (IEAB). O texto
conclama o povo brasileiro a respeitar democracia, “construída a duras penas e
banhada pelo sangue de homens e mulheres que deram a sua vida a serviço das
causas libertárias de uma sociedade justa”. A IEAB afirma que investigações
para o combate à corrupção “são legítimas somente quando existam provas
concretas e quando garantem o direito à ampla defesa. Interesses corporativos
de órgãos da grande mídia não podem e não devem ser ideologicamente seletivos e
nem condenar a priori ninguém por causa de seu perfil ideológico”.
O documento insere ainda a dinâmica política brasileira
no contexto internacional. “Este é um processo global e latino-americano que
tem realizado mudanças políticas conservadoras, em prejuízo da ampla maioria do
povo”.
Por fim, a nota pede que se “evite qualquer manobra de
desconstrução do resultado das urnas” e o rechaço a “qualquer tentativa de
retorno ao autoritarismo e a qualquer modelo que represente cerceamento dos
direitos individuais e coletivos conquistados”.
Por Rafael Tatemoto
Da Redação do Brasil de Fato