Valor
corresponde a 15% do total devido pela Argentina aos fundos; novas discussões
com outros credores devem ocorrer nos próximos dias.
Do Opera Mundi 04/02/2016
O presidente argetino Maurício Macri | Foto: Casa Rosada |
A Argentina
concordou, nesta quarta-feira (03), em pagar US$ 1,35 bilhão (mais de R$ 5,2
bilhões) para os fundos abutres italianos, reunidos na empresa Task Force
Argentina, após negociações em Nova York realizadas nesta terça-feira
(02). Assim, para cada dólar em bônus emitido, o governo conservador do
presidente Maurício Macri pagará 1,5 dólar, 400% a mais do que os 30 centavos
pagos aos investidores que aceitaram a reestruturação da dívida proposta por
Néstor e Cristina Kirchner em 2005 e 2010.
O governo
argentino classificou a proposta feita aos fundos como exitosa, já que os
credores pediam US$ 3 por cada dólar em bônus, similar ao que fora definido
pelo juiz nova-iorquino Thomas Griesa aos fundos mais agressivos.
O ministro da
Fazenda argentino, Alfonso Prat-Gay, confirmou que foi realizado um
“pré-acordo” com 50 mil credores italianos. “Basicamente reconhecemos o capital
e um juros prudente que reflete o que foram as taxas nos últimos anos, que é
menor do que a sentença obtida por esse grupo”, afirmou.
Inicialmente,
eles pediam US$ 2,5 bilhões, mas o valor, considerado “inaceitável” por Luis
Caputo, secretário das Finanças e chefe das negociações, foi renegociado para
US$ 1,35 bi. Isto significa que a Argentina se comprometeu a pagar, a prazo,
150% a mais da dívida que possuía originalmente com os credores italianos.
O valor que a
Argentina pagará a eles representa 15% da dívida total dos chamados fundos
abutres — fundos internacionais de investimento especulativo que compraram
títulos públicos do país e não aceitaram a renegociação da dívida pública
argentina, realizada entre 2005 e 2010, durante os governos de Néstor
(2003-2007) e Cristina Kirchner (2007-2015).
A jornalistas, o
mediador das negociações, Dan Pollack, afirmou que provavelmente acontecerão
novas discussões para tratar do resto da dívida. Principalmente no que diz
respeito a um grupo de credores, parte dos fundos, que conseguiu, em 2012, uma
sentença federal determinando o pagamento de mais de US$ 750 milhões — valor
que deve aumentar com os juros.
De acordo com o
governo argentino, então liderado por Cristina Kirchner, os fundos abutres
compraram os papéis da dívida a um valor total de US$ 48,7 milhões.
Default
Em 2014, a
Suprema Corte dos EUA negou o recurso do governo argentino para revisar a ordem
de pagamento dos títulos. O país sul-americano, então, se recusou a realizar o
pagamento. Sem acordo com os fundos, Buenos Aires se encontra em estado de
moratória técnica.
O governo de Macri
deseja pôr fim ao litígio com os fundos abutres para recuperar investimentos
estrangeiros na Argentina e poder fazer empréstimos no exterior. Durante as
negociações, Prat-Gay disse que o presidente quer chegar “a acordo justo o mais
rápido possível” e afirmou que os “fundos abutres são a herança [dos governos
Kirchner] que mais impedem a Argentina de avançar”.