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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Macri propõe pagar a fundos abutres 400% a mais do que valor negociado por Kirchners

Valor corresponde a 15% do total devido pela Argentina aos fundos; novas discussões com outros credores devem ocorrer nos próximos dias.
Do Opera Mundi04/02/2016
O presidente argetino Maurício Macri | Foto: Casa Rosada
A Argentina concordou, nesta quarta-feira (03), em pagar US$ 1,35 bilhão (mais de R$ 5,2 bilhões) para os fundos abutres italianos, reunidos na empresa Task Force Argentina, após negociações em Nova York realizadas nesta terça-feira (02). Assim, para cada dólar em bônus emitido, o governo conservador do presidente Maurício Macri pagará 1,5 dólar, 400% a mais do que os 30 centavos pagos aos investidores que aceitaram a reestruturação da dívida proposta por Néstor e Cristina Kirchner em 2005 e 2010.

O governo argentino classificou a proposta feita aos fundos como exitosa, já que os credores pediam US$ 3 por cada dólar em bônus, similar ao que fora definido pelo juiz nova-iorquino Thomas Griesa aos fundos mais agressivos.

O ministro da Fazenda argentino, Alfonso Prat-Gay, confirmou que foi realizado um “pré-acordo” com 50 mil credores italianos. “Basicamente reconhecemos o capital e um juros prudente que reflete o que foram as taxas nos últimos anos, que é menor do que a sentença obtida por esse grupo”, afirmou.
Inicialmente, eles pediam US$ 2,5 bilhões, mas o valor, considerado “inaceitável” por Luis Caputo, secretário das Finanças e chefe das negociações, foi renegociado para US$ 1,35 bi. Isto significa que a Argentina se comprometeu a pagar, a prazo, 150% a mais da dívida que possuía originalmente com os credores italianos.

O valor que a Argentina pagará a eles representa 15% da dívida total dos chamados fundos abutres — fundos internacionais de investimento especulativo que compraram títulos públicos do país e não aceitaram a renegociação da dívida pública argentina, realizada entre 2005 e 2010, durante os governos de Néstor (2003-2007) e Cristina Kirchner (2007-2015).

A jornalistas, o mediador das negociações, Dan Pollack, afirmou que provavelmente acontecerão novas discussões para tratar do resto da dívida. Principalmente no que diz respeito a um grupo de credores, parte dos fundos, que conseguiu, em 2012, uma sentença federal determinando o pagamento de mais de US$ 750 milhões — valor que deve aumentar com os juros.

De acordo com o governo argentino, então liderado por Cristina Kirchner, os fundos abutres compraram os papéis da dívida a um valor total de US$ 48,7 milhões.

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Em 2014, a Suprema Corte dos EUA negou o recurso do governo argentino para revisar a ordem de pagamento dos títulos. O país sul-americano, então, se recusou a realizar o pagamento. Sem acordo com os fundos, Buenos Aires se encontra em estado de moratória técnica.

O governo de Macri deseja pôr fim ao litígio com os fundos abutres para recuperar investimentos estrangeiros na Argentina e poder fazer empréstimos no exterior. Durante as negociações, Prat-Gay disse que o presidente quer chegar “a acordo justo o mais rápido possível” e afirmou que os “fundos abutres são a herança [dos governos Kirchner] que mais impedem a Argentina de avançar”.

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