"A Comissão Pastoral da Terra e o Sindicato dos
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alto Alegre do Maranhão, por meio desta
nota, repudiam, com veemência, mais um ato de violência ocorrida no interior do
Maranhão, afetando diretamente comunidade quilombola". Confira o restante
da Nota:
Em 25 de janeiro de 2015, domingo, enquanto participavam
de reunião do território quilombola de Mamorana, zona rural de Alto Alegre do
Maranhão, as lideranças quilombolas José Maria da Conceição e Raimundo Gomes
Soares, o “Sabonete”, tiveram suas casas criminosamente incendiadas e, em
consequência, perderam todos os pertences de uso doméstico, sementes para
plantio (arroz, feijão e milho), ferramentas de trabalho e um paiol de arroz.
Desde o ano de 2009 que a comunidade vem sofrendo com
ameaças constantes por parte de fazendeiros da região, envolvendo diretamente
criadores de gado bovino do médio Mearim, em especial o Sr. José de Arimateia,
que ingressou em 2010 com ação de reintegração de posse contra as famílias
quilombolas, tendo perdido a ação. Não satisfeito, o criador de gado tem
tentado cercar mais de 400 hectares de terra pertencente ao território
quilombola.
A situação é extremamente grave! Apesar dos anos de
conflito e de inúmeras denúncias realizadas pelos trabalhadores rurais, o
processo de titulação da comunidade, realizado pelo INCRA, tem caminhado muito
lentamente. As famílias quilombolas temem que haja mais violência e que suas
lideranças sejam mortas.
O Estado do Maranhão ocupa o primeiro lugar em número de
conflitos agrário no Brasil. Somente em janeiro de 2015, mais de 35 conflitos
agrários em todo o estado. A inércia do governo federal, em realizar reforma
agrária e titular territórios quilombolas, é responsável direta pela quantidade
absurda de conflitos agrários.
Alto Alegre do Maranhão, 26 de Janeiro do de 2015
Fonte: CPT- Comissão Pastoral da Terra/MA