O
Professor Doutor em Geografia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Marco Antonio
Mitidiero Junior, criou tabelas comparativas em cima de dados do Censo
Agropecuário do IBGE 2006.
A ideia
do professor foi confrontar as informações que dão conta de que o setor da agricultura
camponesa é comprovadamente mais
produtivo do que os grandes campos nutridos pelo agronegócio.
Podemos
dizer que o lobby do agronegócio é o principal
responsável pela ilusão que foi criada em cima de sua produtividade?
É uma conjunção de fatores, dentre eles, o principal é a força política do
agronegócio. Essa força política não é um simples lobby, é sim poder político
de decisão na sua plenitude. Não importa qual é o governo ou o partido político
que está no comando, o agronegócio sempre está presente
com muita força de decisão.
Diante dessa força, o governo perpetua a supremacia das políticas públicas
voltadas a esse setor e, em concomitância, a mídia brasileira informa a
população sobre um campo/rural pujante, "batedor" de recordes de
produção e exportador, assim vai criando essa ilusão, a ilusão de que os
grandes estabelecimentos rurais, personificação direta do que chamam de
agronegócio, é imensamente mais produtiva do que os pequenos estabelecimentos.
Os números mostram uma média de 95,9% de produção ativa dos “pequenos” agricultores contra menos de 3% das grandes propriedades. Diante disso, qual a maior dificuldade da agricultura camponesa em levar seus produtos para todo o país?
Os números mostram uma média de 95,9% de produção ativa dos “pequenos” agricultores contra menos de 3% das grandes propriedades. Diante disso, qual a maior dificuldade da agricultura camponesa em levar seus produtos para todo o país?
Existe uma diversidade de situações para caracterizar a circulação dos
alimentos produzidos pelo camponês ou agricultor familiar. Geralmente são
produtos que circulam em mercados locais ou regionais, mas há também produtos
produzidos pelos camponeses que são comercializados até fora do país, tudo isso
dependendo do tipo de produto que é produzido e das relações comerciais ou
integração com agroindústrias que o produtor possui.
Porém, o que mais caracteriza a comercialização dos produtos do campesinato é a
dependência do "atravessador", ou seja, como muitos desses produtores
não possuem transporte, ficam na dependência de comerciantes que compram sua
produção e revendem na cidade.
Existe muita gente que ganha muito dinheiro indo comprar os produtos na casa do
pequeno produtor. Esse é um problema histórico da pequena produção, pois ficam
sempre na dependência do "atravessador" que abocanha boa parte da
renda desses produtores.
Os dados
publicados em 2012 pelo governo federal demonstram um desinteresse das
esferas públicas em investir nesse setor?
Não. Na verdade os dados publicados pelo governo mostraram o reconhecimento de que os pequenos são muito produtivos, mas só isso. Até ampliaram a quantidade de recursos para o que eles chamam de "Agricultura Familiar", porém com pouca efetividade na aplicação dos recursos, na assistência a esses sujeitos e, principalmente, um descaso jamais visto na realização da Reforma Agrária.
O que os
movimentos sociais podem fazer para reverter esse quadro se supervalorização do
agronegócio?
A longa marcha do campesinato brasileiro, título de um dos textos do geógrafo
Ariovaldo Umbelino de Oliveira, é uma sugestão bem explícita a resposta dessa
pergunta.
Resta aos movimentos sociais continuar essa longa marcha que significa, sem
outras palavras, continuar as ações de luta pela realização da Reforma Agrária
e pela reestruturação completa e radical da estrutura fundiária e das políticas
públicas para a agropecuária.
Por Maura Silva
Da Página do MST
Por Maura Silva
Da Página do MST
Adptado por Cicero Do Carmo