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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Casos de homofobia em Petrolina, leva instituição de ensino superior a criar espaço de debate.

“Esse debate tem que passar na universidade, que é um lugar de formação de professores e porque a homofobia, transfobia, lesbiofobia gera muita evasão escolar. Muitos estudantes acabam desistindo dos estudos por sofrer Discriminação”,(...)
O auditório da biblioteca da Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (Facape) ficou pequeno para o público que prestigiou a mesa de debate “Facape contra a homofobia”, que marcou o Dia Internacional Contra a Homofobia na autarquia. A iniciativa foi a primeira intervenção do projeto “Facape contra a intolerância”, que tem o objetivo de promover e ampliar as discussões sobre as temáticas que envolvem atos de opressão vivenciados no ambiente acadêmico.
A mesa foi formada pela jornalista e estudante do curso de Direito da Facape, Lícia Loltran; a professora Camila Roseno; o estudante de Serviço Social, Alzyr Sá Brasileiro; o professor do Colegiado de Direito da Facape, Carlos Romeiro; e a coordenadora do curso de Serviço Social, Andrea Alice. O evento contou ainda com a participação do Diretor Acadêmico da Facape, Antônio Habib, e do Diretor Financeiro, Alessandro Brito.
Os convidados também destacaram a importância dessa discussão dentro da academia por ser um lugar de formação de opinião. A professora de história, Camila Roseno, explicou ainda que as escolas e universidades são lugares onde geralmente acontecem muitos casos de violência de gênero.
“Esse debate tem que passar na universidade, que é um lugar de formação de professores e porque a homofobia, transfobia, lesbiofobia gera muita evasão escolar. Muitos estudantes acabam desistindo dos estudos por sofrer Discriminação”, explicou Camila.

Em um ambiente descontraído, o público participou fazendo perguntas, compartilhando experiências e acrescentando novos tópicos para discussão. Atendendo assim a intenção do evento, que era gerar o debate entre alunos e professores sobre a homofobia, transfobia e a lesbiofobia e os problemas sociais que esses preconceitos geram. 
Com informações da assessoria.
(Créditos: http://pontocritico.org).

Casos estão sendo investigados pela polícia Cívil, ambos ocorridos 21 e 30 de abril deste. Nos dois, os jovens sofreram agressões e ameaças, um deles chegou a ser sequestrado e violentado.
Segundo materia do G1(03 de maio) a linha de investigação esta direcionada a um provável grupo articulado dentro do Campos Univesitário.
Nota de repúdio foi emitida pela instituição e atos já foram realizados pelos estudantes universitáios  DAPSI e o DACBIO) UNIVASF, contra a homofobia e em defesa dos Direitos Humanos.

Adaptação de textestos Cicero Do Carmo

domingo, 15 de maio de 2016

O que muda se a lei mais branda sobre porte de armas for aprovada


Em vigor há quase 12 anos, o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03) pode estar com os dias contados. O texto-base de uma nova proposta (Projeto de Lei 3.722/12,de autoria do deputado Rogério Peninha Mendonça - PMDB/SC), que afrouxa as regras para o porte e a compra de armas de fogo. Batizado de “Estatuto de Controle de Armas de Fogo”, o projeto ainda precisa passar por pelo menos duas votações para virar lei.
Fonte: http://podeser.com

Breve Histórico:
O Estatuto do Desarmamento é uma lei federal que entrou em vigor no dia seguinte à sanção do então presidente,Luiz Inácio Lula da Silva. Trata-se da Lei 10826 de 22 de dezembro de 2003, regulamentada pelo decreto 5123 de 1o de julhode 2004 e publicada no Diário Oficial da União em 2 de julho de 2004, que "dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição (...)". O artigo 35 do Estatuto do Desarmamento foi rejeitado em um referendo no ano de 2005, proibia a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional. "O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?". O resultado final foi de 59.109.265 votos rejeitando a proposta (63,94%), enquanto 33.333.045 votaram pelo "sim" (36,06%).
Confira trechos da entrevista de Gabriel Castro da Veja emdeputado Rogério Peninha Mendonça - PMDB/SC.
"...O senhor defende que o cidadão deve ter o direito de portar uma arma? Na verdade, o cerne do projeto é acabar com a discricionariedade. Esse é o principal objetivo. Hoje você segue todas as exigências legais e mesmo assim não tem direito ao porte de arma. Os pontos básicos para ter uma arma vão continuar iguais ou mais exigentes. Uma das exigências é o treinamento de tiro. Outra é a questão de antecedentes criminais. É necessário que as pessoas não tenham cometido nenhum tipo de crime, passem por exames psicotécnicos, tenham residência fixa. Isso fica. Propomos a descentralização para que volte para as mãos dos Estados a possibilidade de conceder o porte de armas.Em Santa Catarina, que tem 6 milhões de habitantes, só temos 150 portes de arma. Já tivemos 20 000.

O plebiscito de 2003 foi uma falsa vitória dos antidesarmamentistas? O referendo foi bem claro. Perguntou para a população se ela era contra ou a favor o desarmamento, e aproximadamente 65% disseram que não. Foram quase 60 milhões de pessoas. Nunca um presidente da República foi eleito com tantos votos, e mesmo assim as restrições não mudaram absolutamente nada. Se nós fizemos outro referendo hoje no Brasil - temos pesquisas em Santa Catarina e dados de outras regiões do país - com certeza vai aumentar o percentual das pessoas contra o desarmamento. A população tem claramente definido que ela quer também ter direito de ter uma arma para se defender."
Na íntegra:
Entenda, abaixo, como funciona atualmente o porte de armas e como ficaria se o novo estatuto for aprovado:
O que dizem os que defendem o desarmamento?
"Se não tivéssemos aprovado o estatuto do desarmamento, esse cenário seria ainda pior", diz sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, em um estudo realizado por ele (Mapa da violência 2015) a presentado em 2015.

Apesar de as 42.416 mortes por armas de fogo registradas em 2012 serem o pico da série histórica que começa em 1980, no estudo, o sociólogo identificou que o estatuto foi responsável não só por anular a então tendência de crescimento anual dos homicídios de 7,2%, como por reduzir o número de assassinatos nos primeiros anos de implantação.
Com isso, segundo a pesquisa, 160.036 vidas foram poupadas no período de 2004 a 2012. Os jovens de 15 a 29 anos foram os principais beneficiários da mudança na legislação, com 113.071 vidas salvas.

Leia em:
Brasil é o 11º país com mais mortes por arma de fogo

Na ítegra: 
Mapa da Violência 2015

Leia também:
Brasil é o quinto país com mais assassinatos de mulheres

sábado, 14 de maio de 2016

ARTISTAS E PRODUTORES DIVULGAM CARTA CONTRA FIM DO MINISTÉRIO DA CULTURA

Um grupo de artistas brasileiros enviou nesta sexta-feira (13) uma carta aberta ao presidente interino Michel Temer contestando a decisão de seu governo em unir os ministérios da Educação e da Cultura, comandado pelo deputado federal José Mendonça Filho (DEM-PE).

O documento é assinado pela Associação Procure Saber — formada por músicos como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Djavan — e pelo Grupo de Ação Parlamentar Pró-Música (GAP) — Sérgio Ricardo, Ivan Lins, Leoni, Frejat, Fernanda Abreu e Tim Rescala, entre outros artistas.

No texto, os artistas classificam a fusão dos dois ministérios como “um grande retrocesso”, que gerará uma economia “pífia” e “não justifica o enorme prejuízo que causará para todos que são atendidos no país por políticas culturais”.
Eles ressaltam a importância do ministério da cultura para a preservação do patrimônio cultural brasileiro e alertam que a pasta não pode se tornar um “balcão de negócios”. “As críticas irresponsáveis feitas à Lei Rouanet não levam em consideração que, com os mecanismos por ela criados, as artes regionais floresceram e conquistaram espaços a que antes não tinham acesso”, escrevem.
Até o momento, o ministro Mendonça Filho ainda não deu maiores detalhes de como vai organizar a Cultura e a Educação em um único ministério.
Leia a íntegra da carta:
“Exmo. Sr. Michel Temer
Prezado senhor,
Entre as grandes conquistas da identidade democrática Brasileira está a criação do Ministério da Cultura, em março de 1985, pelo então Presidente José Sarney.
É inegável que, nessa ocasião, o nome do Brasil já havia sido projetado internacionalmente através do talento de Portinari, de Oscar Niemeyer, de Anita Malfati, de Jorge Amado, da música de Ary Barroso, Dorival Caymmi, Carmen Miranda, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, do cinema de Glauber Rocha e Cacá Diegues. Desta forma, a existência do Ministério da Cultura se deve ao merecido reconhecimento do extraordinário papel que as artes brasileiras desempenharam na divulgação de um país jovem, dinâmico, acolhedor e criativo.
A extinção desse Ministério em abril de 1990 foi um dos primeiros atos do governo Collor de Mello. Abrigada em uma Secretaria vinculada à Presidência da República, a cultura nacional assistiu ao sucateamento de ideias, projetos e realizações no campo das artes. Já no final de seu governo, tentando reconquistar o apoio político perdido, o Presidente Collor adotou outra postura, nomeando para a Secretaria de Cultura o intelectual e embaixador Sergio Paulo Rouanet, encarregado de restabelecer o diálogo com a classe artística. Nasceu assim o Pronac – Programa Nacional de Apoio à Cultura, que se tornou o elemento estruturante da política c ultural dos governos subsequentes, e a denominada Lei Rouanet. Felizmente o Presidente Itamar Franco, em novembro de 1992, devolveu aos criadores um Ministério que já havia comprovado o acerto de sua presença no cenário nacional.
A partir de 1999, durante o governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, o Ministério da Cultura foi reorganizado e sua estrutura ampliada, para que pudesse servir a projetos importantes, em especial nas áreas de teatro e cinema. Desde então o MinC vem se ocupando, de forma proativa, das artes em geral, do folclore, do patrimônio histórico, arqueológico, artístico e cultural do País, através de uma rede de institutos como o IPHAN, a Cinemateca Brasileira, a Funarte, o IBRAM, Fundação Palmares entre muitos outros. A partir da gestão de Gilberto Gil, o MinC ampliou o alcance de sua atuação a partir da adoção do conceito antropológico de cultura. O Programa Cultura Viva e os Pontos de Cultura são iniciativas reconhecidas e copiadas em inúmeros países do mundo. O MinC passou a atuar também com a cultura popular e de grupos marginalizados, ampliando os horizontes de uma parcela expressiva de nossa população. Foi o MinC que conseguiu criar condições para que tenhamos hoje uma indústria do audiovisual dinâmica e superavitária. O mesmo está sendo feito agora com outros campos, como por exemplo o da música. O MinC conta hoje com vários colegiados setoriais que cobrem praticamente quase todas as áreas artísticas bem como grupos étnicos e minorias culturais do país. E com um Conselho Nacional de Políticas Culturais, formado pela sociedade civil e responsável pelo controle social da gestão do Ministério. Há ainda que se mencionar o Plano Nacional de Cultura e inúmeras outras iniciativas com amparo no texto constitucional e em leis aprovadas pelo Congresso Nacional, cuja inobservância ou descontinuidade poderão ensejar questionamentos na esfera judicial. O MinC também protagonizou várias iniciativas que se tornaram referência no ordenamento jurídico internacional, como as Convenções da Unesco sobre Diversidade Cultural e de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, dentre outros.
A Cultura de um País, além de sua identidade, é a sua alma. O Ministério da Cultura não é um balcão de negócios. As críticas irresponsáveis feitas à Lei Rouanet não levam em consideração que, com os mecanismos por ela criados, as artes regionais floresceram e conquistaram espaços a que antes não tinham acesso.
A Cultura é a criação do futuro e a preservação do passado. Sem a promoção e a proteção da nossa Cultura, através de um ministério que com ela se identifique e a ela se dedique, o Brasil fechará as cortinas de um grandioso palco aberto para o mundo. Se o MinC perde seu status e fica submetido a um ministério que tem outra centralidade, que, aliás, não é fácil de ser atendida, corre-se o risco de jogar fora toda uma expertise que se desenvolveu nele a respeito de, entre outras coisas, regulação de direito autoral, legislação sobre vários aspectos da internet (com o reconhecimento e o respeito de organismos internacionais especializados), proteção de patrimônio e apoio às manifestações populares.
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É por tudo isso que o anunciado desaparecimento do Ministério da Cultura sob seu comando, já como Chefe da Nação, é considerado pela classe artística como um grande retrocesso. O Ministério da Cultura é o principal meio pelo qual se pode desenvolver uma situação de tolerância e de respeito às diferenças, algo fundamental para o momento que o país atravessa. A economia que supostamente se conseguiria extinguindo a estrutura do Ministério da Cultura, ou encolhendo-o a uma secretaria do MEC é pífia e não justifica o enorme prejuízo que causará para todos que são atendidos no país pelas políticas culturais do Ministério. Além disso, mediante políticas adequadas, a cultura brasileira está destinada a ser uma fonte permanente de desenvolvimento e de riquezas econômicas para o País.
Nós, que fazemos da nossa a alma desse País, desejamos que o Brasil saiba redimensionar sua imensa capacidade de gerar recursos para educação, saúde, segurança e para todos os projetos sociais e econômicos necessários ao crescimento da nação sem que se sacrifique um dos seus maiores patrimônios: a nossa Cultura.

Fontes:
BRASIL 247
Congresso em foco

Adaptação de texto: Cicero Do Carmo

MINISTRO DA JUSTIÇA CRIMINALIZA MOVIMENTOS SOCIAIS

Ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, defendeu pulso firme contra ações violentas de movimentos sociais; "A partir do momento que seja MTST, ABC, seja ZYH, que deixam o livre direito de se manifestar para queimar pneu, colocar em risco as pessoas, aí são atitudes criminosas que vão ser combatidas, assim como os crimes", disse o novo ministro da Justiça; recentemente, ele classificou protestos contra o impeachment de Dilma Rousseff de “atos de guerrilha”.
247 – Novo ministro da Justiça, o ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, defendeu pulso firme contra ações violentas de movimentos sociais:
"A partir do momento que seja MTST, ABC, seja ZYH, que deixam o livre direito de se manifestar para queimar pneu, colocar em risco as pessoas, aí são atitudes criminosas que vão ser combatidas, assim como os crimes", disse.
Recentemente, ele classificou protestos contra o impeachment de Dilma Rousseff de “atos de guerrilha”.

Questionado sobre a Lava Jato, reafirmou que a operação estará garantida no governo Temer: "Temos não só que mantê-la como, porque é uma belíssima operação, melhorar. Melhorar a operação com mais celeridade e mais efetividade", afirmou.
Leia abaixo reportagem da Agência Brasil sobre o assunto:
Mariana Tokarnia
O novo ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, disse ontem (12) que apoiará a Operação Lava Jato e incentivará o combate à corrupção. "Combate total à corrupção. A Lava Jato hoje é o simbolo desse combate à corrupção", afirmou Moraes a um grupo de jornalistas, após participar da cerimônia de posse do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes.
A pasta comandada por Moraes incorporou o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e Direitos Humanos, que foi extinto. O ministro deixou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para assumir a pasta. Algumas controvérsias envolveram a gestão.
Em janeiro, Moraes foi alvo de críticas de movimentos sociais após negar abusos da Polícia Militar na dispersão de manifestantes em protestos contra o aumento de passagens na capital paulista. Na ocasião, os manifestantes foram encurralados pela tropa de choque. Diversas imagens publicadas em redes sociais mostraram cidadãos e jornalistas sendo agredidos por policiais.
Perguntado sobre as críticas que recebeu, o ministro negou: "Não fui bastante questionado não. São dois, três jornalistas que questionam, não a população". Diante da insistência na pergunta, questionou: "Qual movimento social? Me diga um."
"Como todo movimento social, o MTST [Movimento dos Trabalhadores sem Teto] tem todo o direito de se manifestar. Mas MTST, ABC ou ZYH serão combatidos a partir do momento em que deixam o livre direito de se manifestar para queimar pneu, colocar em risco as pessoas, que são atitudes criminosas", adiantou.
Em seu discurso de posse na secretaria, Moraes defendeu o uso de balas de borracha por policiais no controle de multidões. O recurso chegou a ser proibido por uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo, mas que acabou vetada pelo governador Geraldo Alckmin.
Outro tema que gerou fortes críticas de juristas e especialistas foi a decisão da secretaria, que, em fevereiro, resolveu tornar sigilosos por 50 anos todos os boletins de ocorrência registrados pela polícia em São Paulo. Foram classificados como secretos também os manuais e procedimentos da Polícia Militar paulista. A decisão foi assinada por Geraldo Alckmin.


Por: Brasil 247
http://www.brasil247.com/

sexta-feira, 13 de maio de 2016

OLIGARQUIA COELHO: uma história de oportunismo, patrimonialismo e apoio a golpes de Estado

Ao observar a participação dos Coelhos na história política do país, conclui-se que a Arena apoiou o golpe militar, que mais tarde se denominou PSD, depois PFL, e atualmente Democratas (DEM), que apoia o golpe contra o governo da presidenta Dilma, junto ao qual estão: PMDB, PPS e PSB, todos partidos ligados à trajetória do clã petrolinense.
O presidente, general Artur da Costa e Silva, a esquerda, e o governador Nilo Coelho a direita, inaugurando a nova BR-122
Por Gilmar Santos*
O processo de Impeachment contra a presidenta Dilma é oportunidade para petrolinenses e pernambucanos voltarem ao passado e identificarem como políticos de famílias tradicionais se comportaram em situações de flagrante ataque à democracia brasileira. A família Coelho, de Petrolina, cumpriu importante papel nesse sentido.
Nos anos da Ditadura Militar (1964-1985) a Oligarquia estava acomodada na Aliança Renovadora Nacional – Arena, partido de apoio aos governos autoritários, onde adquiriu grandes benefícios políticos e econômicos, garantindo a extensão do seu poderio ao território pernambucano através da indicação do então deputado Nilo de Souza Coelho ao governo estadual.
Nascido em 1920, Nilo foi um dos mais vigorosos políticos do clã. Em 1947 iniciou sua carreira política como deputado estadual. Durante o último governo Vargas, em 1951, foi eleito deputado federal. No ano em que ocorreu o golpe contra o governo do presidente João Goulart, 1964, Nilo era o 1º secretário da Câmara e cumpriu importante papel de apoio ao Presidente da República, general Castelo Branco, de quem recebeu, em 1967, a indicação para se tornar governador do estado pernambucano. Ainda durante a Ditadura, em 1979, Nilo foi beneficiado com os votos do senador arenista, Cid Sampaio, e garantiu ingresso ao senado, chegando ao cargo de presidente daquela casa legislativa.

Nesse período a família Coelho conseguiu capitanear vultosos recursos para o município e o Estado. Segundo Ruyter Antônio Bezerra dos Santos, em pesquisa de mestrado, pela Universidade Federal FRN, intitulada “Nas Sombras da Família Coelho: a dinâmica de uma dominação política”, esses recursos serviram mais para a manutenção do grupo familiar que para o beneficiamento da população.
Com o fim do bipartidarismo a Arena passou a se chamar Partido Democrático e Social (PDS). Em 1983 o senador faleceu na cidade de São Paulo, deixando um legado político para as próximas gerações do clã. Em locais públicos, prédios e instituições de importância para o município e o Estado, o nome do político está impresso em quase duas dezenas desses espaços.
Da geração seguinte, Fernando Bezerra Coelho (FBC), sobrinho de Nilo, é um dos políticos que tirou grande proveito do tradicional domínio do grupo familiar. Nascido em 1957, Bezerra iniciou sua carreira política em Pernambuco, quando foi eleito, em 1982, deputado estadual pelo PDS. Quando a sigla mudou para Partido da Frente Liberal (PFL), lá estava o deputado Bezerra Coelho. Em 1986, já no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) foi eleito deputado constituinte e reeleito em 1990, quando renunciou para se tornar prefeito do município de Petrolina (1992-1996). No ano 2000, no Partido Socialista Popular (PPS), FBC iria governar a sua terra natal pela segunda vez; foi reeleito em 2004 mas renunciou o mandato para assumir o cargo de Secretário de Planejamento no governo de Eduardo Campos. Na ocasião, Fernando Coelho filia-se ao Partido Socialista do Brasil (PSB), um dos principais partidos de apoio aos governos Lula e primeiro governo Dilma. Essa relação garantiu a FBC o cargo de Ministro da Integração Nacional entre 2011 e 2013.
Atualmente, Senador pelo PSB e, juntamente com Fernando Bezerra Coelho Filho, deputado federal, tornaram-se importantes lideranças nacionais da legenda, principalmente, após a morte do governador Eduardo Campos, em 2014. Com a nova articulação política, de rompimento com o governo Dilma, os Coelhos tornam-se articuladores e apoiadores do processo de Impeachment contra a presidente, considerado por movimentos sociais, juristas e pela imprensa internacional um golpe de Estado, já que não apresenta crime de responsabilidade cometido pela chefe do executivo nacional e reúne quantidade significativa de vícios, contradições jurídicas, morais e políticas, a começar pelas votações, tanto na Câmara quanto no Senado, conduzidas e operadas por políticos comprovadamente envolvidos com crimes de corrupção, como é o caso do deputado Eduardo Cunha.
Miguel Coelho, Fernando Bezerra Coelho Filho e Fernando Bezerra Coelho
Em dezembro de 2015, o ministro do Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou investigação do senador FBC por suspeita de envolvimento num esquema que desviou milhões da Petrobrás, investigado pela operação Lava Jato.
Ao observar a participação dos Coelhos na história política do país, conclui-se que a Arena apoiou o golpe militar, que mais tarde se denominou PSD, depois PFL, e atualmente Democratas (DEM), que apoia o golpe contra o governo da presidenta Dilma, junto ao qual estão: PMDB, PPS e PSB, todos partidos ligados à trajetória do clã petrolinense. Para não deixar a capitania hereditária sem renovação no município, o filho de FBC, Miguel Coelho, deputado estadual, se apresenta como grande opção para as eleições municipais em 2016. No município um grupo significativo de vereadores quando se apresentam na imprensa local utilizam a expressão, de viés coronelista, “sou do grupo de Fernando”.
Quando puderam usufruir de importantes cargos dos governos Lula e Dilma, eles comemoraram. No dia em que a presidenta Dilma foi afastada do cargo, por um processo de Impeachment envolto de suspeitas, vícios e desconfianças, eles também comemoram, numa íntima relação entre oportunismo, traição e golpismo. Nos veículos de comunicação bradavam contra o governo da presidenta Dilma, acusando-o de corrupção e de aprofundar a crise do país. Agora, de mãos dadas com o novo governo, parecem esquecer ou não levar em consideração o fato de o presidente em exercício, Michel Temer, e diversos dos seus ministros serem investigados ou citados em operações da Polícia Federal por crimes de corrupção, e não se importar com as medidas que haverão de devastar direitos sociais e sacrificar ainda mais as classes trabalhadoras. Na próxima eleição eles voltam, por bairros e povoados pobres de Petrolina, na caça ao voto.
Cargos/Mandatos dos Coelho
Primeira geração
Coronel Quelê (Clementino Souza Coelho) – o patriarca, foi subprefeito de Petrolina. Era casado com Josepha Coelho, com quem teve 12 filhos.
Segunda geração
Dos onze filhos, cinco se envolveram com política:
Nilo – deputado estadual e federal, senador e governador de Pernambuco. Morreu em 1983, após sofrer um infarto enquanto discursava no Senado.
Gercino – foi prefeito de Guanambi (BA) e deputado estadual pela Bahia. Morreu em campanha em 1950.
Osvaldo – soma 44 anos de atuação no Legislativo: três mandatos na Assembleia de Pernambuco e oito na Câmara dos Deputados. Morreu em 2015.
José – foi deputado, prefeito de Petrolina e senador. Morreu em 2007.
Geraldo – ex-deputado estadual e ex-prefeito de Petrolina. Tem 90 anos.
Terceira geração
Fernando – ex-deputado federal, ex-prefeito de Petrolina (por três vezes), ex-ministro da Integração Nacional e senador eleito em 2014. É filho de Paulo Coelho.
Clementino – foi deputado federal e presidiu a Codevasf. É irmão de Fernando.
Guilherme – filho de Osvaldo, é ex-prefeito de Petrolina. Atual vice-prefeito, disputou vaga na Câmara em 2014, mas foi derrotado.
Ciro – foi secretário estadual de Recursos Hídricos e deputado estadual. É filho de José.
Nilo Moraes Coelho – filho de Gercino, é ex-governador da Bahia e ex-prefeito de Guanambi. Em 2010, candidatou-se a vice-governador na chapa de Paulo Souto (DEM), mas foi derrotado.
Quarta geração
Fernando Filho – deputado federal reeleito em 2014 para o terceiro mandato. Concorreu à Prefeitura de Petrolina em 2012. Foi derrotado. É filho de Fernando Bezerra Coelho.
Miguel – deputado estadual eleito para o primeiro mandato em 2014. É também filho de Fernando.

*Gilmar Santos é professor de História.


Por: Ponto Critico
http://pontocritico.org/

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Dirigentes do Ministério da Saúde afirmam que não reconhecem governo interino de Temer

Setores ligados ao Ministério da Saúde lançaram nota dizendo que não reconhcem a legalidade do governo interino de Michel Temer.

Diversas pessoas ligadas à secretaria do Ministério da Saúde lançaram uma nota, na manhã desta quinta-feira (12), alegando que não reconhecem a “legitimidade e nem a legalidade”do governo interino de Michel Temer, que assumirá por até 180 dias o lugar de Dilma Rousseff, após o Senado Federal aceitar a adimissibilidade do pedido de impeachment da presidenta.
“Não reconhecemos legitimidade nem legalidade porque o modo que tentam impor à população um projeto que ela não quer e rejeita no voto é por meio de um impeachment ilegal, um golpe, que cassa o voto popular e tem como principal objetivo colocar nas costas da imensa maioria do povo, principalmente a parcela mais pobre, a conta da crise econômica pela qual passa o mundo e o Brasil, garantindo a salvaguarda dos interesses, renda e riqueza da parcela mais rica da população, sócia do golpe”, afirma parte do manifesto.

Confira o manifesto na íntegra:

Nós, diversos dirigentes em vários níveis e secretarias do Ministério da Saúde, participantes do Movimento Sanitário Brasileiro, de Coletivos Saúde e Democracia, defensores do SUS e identificados com os valores e lutas da esquerda, declaramos que não reconhecemos legitimidade e nem legalidade no governo temporário e golpista.
Não reconhecemos legitimidade porque seus representantes, ideias e propostas não derivam do voto popular, não foram eleitos nas urnas. Antes o contrário, as políticas que querem implantar, que respondem a interesses privados e particulares dos grupos integrantes do “Consórcio Golpista”, foram rejeitadas nas eleições diretas e democráticas de 2002 e vêm sistematicamente sendo derrotadas nas urnas como aconteceu em 2006, 2010 e há menos de 2 anos em 2014.

Não reconhecemos legitimidade nem legalidade porque o modo que tentam impor à população um projeto que ela não quer e rejeita no voto é por meio de um impeachment ilegal, um golpe, que cassa o voto popular e tem como principal objetivo colocar nas costas da imensa maioria do povo, principalmente a parcela mais pobre, a conta da crise econômica pela qual passa o mundo e o Brasil, garantindo a salvaguarda dos interesses, renda e riqueza da parcela mais rica da população, sócia do golpe.
Um consórcio golpista, economicamente neoliberal, politicamente autoritário, patrimonialista e clientelista, ideologicamente conservador e intolerante e que, embora assuma hipocritamente o discurso de combate a corrupção, é constituído por pessoas e grupos que há mais de 30 anos chantageiam os governos da vez, praticam e se sustentam da corrupção e têm ocupado o Estado desde então para satisfazer os interesses privados que representam.
Não aceitamos em nenhuma hipótese participar de um governo ilegítimo, ilegal e com um projeto antipopular, neoliberal, excludente e da direita mais atrasada e conservadora.
Nos últimos anos enfrentamos muitos desafios, avançamos muito em diversas dimensões e também, é claro, deixamos de avançar em outras: muito há ainda para ser feito. Participamos da construção de diversas políticas que consideramos conquistas do SUS e da sociedade e que, por elevarem o patamar de atenção à saúde e qualidade de vida da população, por investir e valorizar os trabalhadores de saúde e por promover e fortalecer a participação popular, deverão ser defendidas a todo custo:
– o fortalecimento da Atenção Básica com o maior aumento do financiamento de sua história, a qualificação quase universal da infraestrutura com mais de 26 mil obras em UBS e os programas e ações que promoveram um salto em sua qualidade como o PMAQ, o Telessaúde, eSUS e implantação do Cartão SUS;
– o avanço na cobertura e qualidade da Estratégia de Saúde da Família, com novos tipos de equipes multiprofissionais e inédita ampliação das mesmas e com o Programa Mais Médicos, que no presente tem levado saúde com qualidade e dignidade a mais de 65 milhões de pessoas, em mais de 4 mil municípios, comunidades assentadas, acampadas, quilombolas e ribeirinhas e todos distritos indígenas, e que deu saltos importantes rumo à suficiência, democratização e qualidade da formação dos médicos, voltada para as reais necessidades de saúde da população brasileira, com destaque para o estabelecimento da Medicina de Família e Comunidade como especialidade base e essencial para o país;
– a sequência de avanços no “Brasil Sorridente” garantindo da atenção básica à especializada na saúde bucal, passando pelas unidades móveis em acampamentos, assentamentos e comunidades quilombolas;
– o fortalecimento da promoção da saúde, o enfrentamento das doenças crônico- degenerativas e da obesidade, a criação do Programa “Academia da Saúde”, a implantação de políticas de regulação sobre elementos nocivos à saúdeproduzidos pela indústria de alimentos e do tabaco, e também o lançamento deuma nova Política de Alimentação e Nutrição para o SUS;
– a ampliação do acesso oportuno a uma assistência farmacêutica de qualidade com expansão e diversificação da farmácia básica e implantação do “Saúde não tem preço”, garantindo medicamentos gratuitos aos cidadãos, além da ampliação da Rede “Aqui tem Farmácia Popular”;
– a afirmação e avanço de uma politica de saúde mental na qual se cuida em liberdade e respeitando os direitos humanos, que passa pelo “Caminhos do Cuidado” e Consultórios na Rua até a grande expansão dos CAPS 24 horas;
– a expansão dos serviços de urgência como a Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e o SAMU, e a criação mais recente de novos serviços e modos de cuidado como as equipes de Atenção Domiciliar do “Melhor em Casa”;
– o investimento no trabalhador, por meio do desenvolvimento da política de educação permanente e da formação no SUS, com processos educacionais diversificados para trabalhadores em nível elementar, médio, técnico e superior, com modalidades que vão de residência e mestrados profissionais para as várias profissões até a educação permanente em serviço.
– a valorização dos trabalhadores com ações de democratização das relações de trabalho; mesas de negociação; programas de desprecarização de vínculos; Programa de Valorização dos Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias; e com a entrada do Brasil no que aqui passou a ser chamado de “Agenda do Trabalho Descente no SUS”, investindo na qualidade do trabalho, apostando na participação e combatendo todas as formas de preconceito,racismo, machismo, homofobia, discriminação e intolerância;
– o fortalecimento da participação popular e do controle social, desde o respeito aos fóruns permanentes de diálogo e decisão até as diversas Conferências nos três entes, passando pelos processos de participação, presenciais e virtuais que reforçam o real, como o SUSConecta;
– o respeito democrático e republicano nos espaços e com os entes da relação interfederativa do SUS.
Entendemos que neste momento histórico – como o foi nos anos 70 na luta do movimento sanitário contra a ditadura, pela democratização e pelo direito à saúde que resultou na proposição e criação do SUS – a luta pela saúde deve também ser a luta por democracia que se traduz em: reestabelecimento do Estado Democrático de Direito; devolução da soberania ao voto popular; e intensificação da democracia, tanto do ponto de vista da participação e controle popular sobre os eleitos e suas ações, quanto de extensão e aprofundamento da democracia às dimensões econômicas, sociais, cognitivas e culturais, para além, apenas, da política formal.
Assim como nos anos 70 quando a luta de muitos construiu o SUS, temos a responsabilidade de agora continuarmos em luta para consolidarmos as conquistas de nosso povo com o SUS num momento em que o governo golpista já anuncia que usará o argumento da crise para retirar direitos, segmentar o acesso ao SUS, desmontar programas, privatizar serviços, desvincular receitas e reduzir o financiamento, rompendo até os princípios da universalidade e gratuidade. Em tempos de crise a direção correta deve ser a de aumentar a proteção ao cidadão, que estará mais vulnerável. Dotar o Estado com capacidade de ser mais equânime e justo, não retrocedendo ou desprotegendo a população mais vulnerável. Os movimentos, organizações e cidadãos não podem aceitar retrocessos: nenhum passo atrás! Toda resistência sem trégua a cada serviço, programa, política e direito que se queira subtrair do povo.
Por tudo isso, para nós, é impossível seguir no Ministério da Saúde. Mergulharemos na luta pela democracia; contra retrocessos nas conquistas sociais e nas políticas públicas; e pelo avanço do SUS como sistema gratuito, universal, equânime e integral, direito do povo brasileiro. Estas bandeiras nos animam e terão que ser construídas em todos os espaços potenciais de resistência e oposição ao pretendido projeto neoliberal e de desmonte do SUS: nas lutas dos movimentos sociais, nas diversas organizações populares, nas Universidades, nos partidos e gestões progressistas. Sempre na busca por uma sociedade mais justa e pelo Estado necessário à redução das profundas desigualdades do nosso país.
Em respeito ao nosso compromisso histórico e inquebrantável com o SUS, com o Estado brasileiro e principalmente, com o povo de nosso país, garantimos todos os recursos, informações e condições para a continuidade dos Programas que são executados.
Além disso, reforçamos a importância do compromisso dos trabalhadores do Ministério da Saúde com o SUS e com o povo, estes que sempre nos orgulharam na defesa do Direito à Saúde. Continuarão a lutar pelo avanço do SUS e seguirão legitimados pela população brasileira que usa e defende a saúde pública, gratuita e de qualidade.
Temos orgulho de termos participado do Governo da Presidenta Dilma.
Temos orgulho e convicção de nos posicionarmos ao lado do povo, da soberania do voto popular, do SUS, contra a corrupção e o consórcio de corruptos e corruptores, pela Democracia, pelas conquistas sociais e sempre em luta por uma sociedade mais justa, democrática, que respeite as diferenças e as transforme em potência, generosa, fecunda e mais feliz, sempre comprometida com o desenvolvimento de nossa gente.
Temos orgulho, convicção e prazer de, nestes termos, lutarmos por Saúde e Democracia, adiante e sempre!

Por: Saúde Popular
https://saude-popular.org

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Renan mantém andamento de processo de impeachment de Dilma no Senado

O presidente do Senado, Renan Calheiros, decidiu nesta segunda-feira (9) dar continuidade ao processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff, após rejeitar a decisão do presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), de anular as sessões que aprovaram a admissibilidade do impeachment naquela Casa. 

Com isso, foi lido o resumo do parecer da Comissão Especial de Impeachment pela admissibilidade do processo. Agora, há um prazo de 48 horas até que se possa realizar a votação da matéria no Plenário do Senado.
A decisão de Renan de desconsiderar a anulação do processo por Waldir Maranhão gerou discussão entre a oposição e a base governista. Ao sair do Senado Federal na noite desta segunda, o presidente do Senado afirmou que a sessão de análise da admissibilidade deve ser iniciada quarta (11), às 9h e ser concluída no mesmo dia.
Ao anunciar sua decisão, Renan explicou que não poderia interferir nos discursos proferidos pelos deputados, antes da votação naquela Casa, no dia 17 de abril. O anúncio de votos e a orientação partidária foram argumentos citados por Waldir Maranhão para anular a sessão. Renan também rejeitou a alegação de que a decisão da Câmara pela admissibilidade não poderia ter sido encaminhada por ofício. Maranhão argumentou que o documento adequado seria uma resolução.
Renan afirmou, ainda, que a anulação foi intempestiva, pois o processo de impeachment já se encontra em discussão no Senado.
— Aceitar essa brincadeira com a democracia seria ficar pessoalmente comprometido com o atraso do processo — concluiu Renan, lembrando que, desde a chegada da matéria ao Senado, disse que não agiria nem com pressa, nem com procrastinação.

Confira mais em:
http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/05/09/renan-mantem-andamento-de-processo-de-impeachment-de-dilma-no-senado.

Câmara acata recurso apresentado pela AGU e anula sessão que aprovou o impeachment da presidente Dilma

O presidente em exercício da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PMDB-MA), anulou nesta segunda-feira 9 a sessão que autorizou o impeachment na Casa, realizada no dia 17 de abril, um domingo.
O parlamentar atendeu a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), apresentado pelo ministro José Eduardo Cardozo, e convocou uma nova sessão, a acontecer daqui a cinco sessões.
Entre os pontos alegados pela AGU estão o de que na votação de impeachment não cabe antecipar votos e nem orientação de bancadas.
http://www.brasil247.com  publicado em: 09/05/016.

A Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou nesta segunda-feira (25) petição com pedido para que a Câmara dos Deputados decrete a nulidade da sessão do plenário realizada no dia 17 de abril, que autorizou a abertura do processo de impedimento contra a presidenta da República, Dilma Rousseff.

No recurso, a AGU aponta que irregularidades na sessão desrespeitaram decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a Advocacia-Geral, no julgamento da ADPF nº 378, a Corte deixou claro que "a convicção político-partidária é pessoal e corresponde ao juízo individual de cada parlamentar". Porém, aponta a AGU, os líderes dos partidos "violaram formação da livre e pessoal convicção dos deputados" ao orientarem a votação das bancadas.

A Advocacia-Geral lista também decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos reconhecendo que julgamentos políticos realizados pelo Congresso são obrigados a respeitar a imparcialidade. "Nesse sentido, ter-se um posicionamento derivado de orientação partidária, antes das alegações, ofende o devido processo legal e nulifica o julgamento, por impedir a imparcialidade", afirma.

No documento encaminhado ao presidente da Câmara, a AGU ainda apontou que, ao analisar o Mandado de Segurança nº 34.130, o Supremo também firmou entendimento de que "o objeto de deliberação pela Câmara estará restrito à denúncia recebida pelo presidente daquela Casa".

Contudo, muitos deputados, ao declararem seu voto, não usaram como justificativa as denúncias de crime de responsabilidade aceitos pelo presidente da Casa, e sim manifestações sem qualquer relação com o objeto. Como exemplo, a petição cita casos de parlamentares que disseram estar votando, por exemplo, contra o comunismo e a incompetência ou pela família e a cidade natal. 

"Percebe-se a completa desconexão entre a acusação e a maior parte dos fundamentos dos votos proferidos no plenário da Câmaras dos Deputados, o que leva a invalidade do resultado, isto é, da autorização para abrir o processo de impeachment contra a presidenta da República", afirma a petição.

Entres as irregularidades apontadas está também a de que o relator do processo na comissão especial da Casa, deputado Jovair Arantes (PTB/GO), ter discursado na tribuna no dia da votação. De acordo com a Advocacia-Geral, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), violou os princípios do contraditório e da ampla defesa ao indeferir o pedido apresentado pela AGU para falar no mesmo dia e ao autorizar a fala do relator, mesmo sem previsão legal ou regimental que respaldasse a decisão.

O documento assinado pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, pede para que o processo, atualmente em tramitação no Senado Federal, volte à Câmara para ser submetido a nova votação.

Ainda segundo a AGU, decisão do STF, a Constituição e o Regimento Interno da Câmara estabelecem que a "única forma de materialização da decisão da Câmara dos Deputados, em casos como o presente, é a edição de resolução". 

Porém, o presidente da Casa se limitou a encaminhar ofício ao presidente do Senado Federal. De acordo com a Advocacia-Geral, "o ofício é um mero expediente de comunicação externa entre órgãos e não ostenta a condição de ato formal capaz de exprimir o valor da deliberação realizada pelo pleno da Câmara dos Deputados, tampouco tem o caráter de dar a publicidade que se exige legal e formalmente".

Fonte: AGU  por Filipe Marques (Publicação de 26/04/2016 Alterado : 28/04/2016)

Adaptação de texto: Cicero Do Carmo

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Jornais apoiam o impeachment de Dilma?

Uma excelente análise de conjuntura sobre a mídia no Brasil.
O texto a seguir é o resultado de uma pesquisa da jornalista Cileide Alves, comparando os editoriais dos três maiores jornais do país nas crises de 1964, 1992 e 2016. O trabalho, publicado originalmente na plataforma Medium, chega a uma conclusão surpreendente: os editoriais são mais confiáveis que as notícias nos tres maiores jornais do país. 

(...)  Numa sociedade horizontalizada pelas redes sociais, pais, padres, professores, médicos, para citar alguns exemplos, perderam autoridade.  A hierarquia quebrou-se. Os políticos perderam credibilidade, mas não o poder, e não seria diferente com a mídia, a mais exposta. Ao longo desses dois anos de governo tumultuado de Dilma Rousseff, o papel da imprensa foi colocado em xeque em inúmeros artigos jornalísticos e acadêmicos, discursos e bate-papo nas redes sociais.

Assim comecei a me questionar. Qual foi o papel da mídia no processo de impeachment de Dilma? Decidi fazer uma pesquisa em três momentos de queda de presidentes da República no Brasil. Diante da dificuldade de acesso a arquivos de tipos diferentes de mídia, optei por três jornais cujos acervos estão disponíveis na internet: Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e O GLOBO.

Escolhi três fatos: a deposição do presidente João Goulart, em 1964, pelo golpe militar; o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, em 1992; e o processo de impeachment atual. Dediquei várias horas a ler editorais dos três jornais de março e abril de 1964; de setembro e dezembro de 1992, meses da admissibilidade do impeachment e da renúncia de Collor respectivamente, e o apanhado de editorais de janeiro a 20 de abril deste ano dos mesmos jornais. (...)

Conclusão: os jornais, como em 64, escolheram um lado
A Guerra Fria dividiu o mundo na década de 60 e essa influência internacional contaminou a política brasileira. A imprensa (representada neste texto pelos três jornais pesquisados) juntou-se aos empresários, militares, movimentos sociais, igreja, e convenceu a população de que o Brasil corria o risco de se transformar em um país comunista pelas mãos do presidente João Goulart. Foi um dos agentes da deposição de Goulart.
A disputa ideológica entre direita e esquerda ganhou a adesão dos jornais, sob o pretexto de proteger o país dos comunistas e dos totalitários. Os jornais se juntaram aos “bons” na luta contra o “mal” e contribuiu decisivamente para implantação do regime que por 21 anos comandou perseguições políticas, prisões, torturas e mortes. Ela própria depois se tornou vítima, a exemplo de tantos outros apoiadores do golpe, como o então governador da Guanabara, Carlos Lacerda — para ficar apenas em um exemplo –, o maior líder da oposição aos governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart que depois foi cassado e preso.

Em 1992 a direita estava envergonhada com o recente fim da ditadura militar. A oposição a Collor de Mello uniu todas as forças políticas brasileiras. O país estava em lua de mel com seus políticos, em função da recente redemocratização. Confiava-se que os políticos resolveriam os problemas da Nação pós-queda do presidente. Não havia disputa ideológica, mas uma quase unanimidade contra um governo que liderou o “maior esquema de corrupção da história”. Além da corrupção, que chocou a população à época tal qual a Lava Jato nos dias de hoje, a crise econômica era superior à atual. A inflação estava na casa dos 80%; a taxa de desemprego era igualmente alta e nossa moeda, que já havia mudado de nome várias vezes, nem valor tinha.
Políticos de esquerda, de direita, empresários (também liderados pela Fiesp), sindicalistas, movimentos sociais, igreja todos se uniram pelo impeachment. À imprensa (em especial os jornais e as revistas semanais) coube a tarefa de investigar e fazer a crônica dos fatos, sem precisar se posicionar, como fizera em 1964. Talvez ainda estivesse traumatizada com o erro do passado.

A atuação da imprensa em 2016 em nada lembra a de 1992. Diferentemente, há vários elementos que a aproxima da de 1964. O contexto internacional mudou. Não há mais o fantasma do comunismo da Guerra Fria. A disputa ideológica agora acontece nas Américas, com os governos esquerdistas e populistas na Venezuela, Equador, Bolívia e Argentina, este até a posse do novo presidente em dezembro. Daí surgiram os novos “perigos” a assombrar os setores conservadores da sociedade brasileira. Trocam-se as palavras comunismo e totalitarismo de 64 e por lulopetismo e bolivarianismo. Formou-se, assim, o novo quadro ideológico que novamente uniu jornais, empresários, parte da população e políticos contra esta ameaça moderna representada no governo de Dilma Rousseff.

Na comparação dos editoriais de 1992 com os de 2016, desta vez os jornais não tentaram fazer apenas a crônica dos fatos jornalísticos. Eles mesmos se tornaram porta-vozes dos setores que defendem o impeachment, tomando partido a favor de um dos lados (aqui cabe ressalvar a posição mais neutra da Folha). O escritor Bernardo Carvalho tratou desse assunto no artigo Jogando para a plateia, publicado dia 17 de abril na Folha.

“Por que, agora, quando quero saber de um fato, leio uma coluna de opinião? Será simplesmente porque os jornais estão cheios delas? (…) Ou será porque os fatos nunca estiveram tão descaradamente editorializados? Ou porque a coluna de opinião é pelo menos uma referência subjetiva identificável (sei quem está falando e por quê) em meio à falsa objetividade da guerra de propaganda em que se converteu a mídia?”
Parodiando o escritor, conclui depois dessa longa pesquisa que os jornais só estiveram “descaradamente editorializados” como agora em 1964 e que, felizmente não é mais possível se enganar com a falsa objetividade, há muito perdida “na guerra de propaganda em que se converteu a mídia”. A coluna de opinião é, sim, mais confiável, pois o leitor conhece quem está falando e por quê.

Cileide Alves é jornalista e pesquisadora da mídia

Na íntegra em:
http://observatoriodaimprensa.com.br/

Resumo de texto: Cicero o Carmo

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