De acordo com um relatório recente do Fundo das Nações Unidas
para a Infância (UNICEF), além das 2,6 milhões de pessoas atualmente deslocadas
na região do Lago Chade por causa da violência provocada pelo Boko Haram, cerca
de 2,2 milhões de pessoas estão sob cerco em áreas controladas pelo grupo
armado — metade delas crianças.
No nordeste da Nigéria, pessoas que fugiram da violência do Boko Haram, reunem-se em um centro do Programa Mundial de Alimentos e do governo nigeriano em Maiduguri. Foto: PMA/Simon Pierre Diouf |
Após
visita de quatro dias à Nigéria, o relator especial das Nações Unidas para os
direitos humanos dos deslocados internos, Chaloka Beyani, pediu na
segunda-feira (29) que autoridades e comunidade internacional atuem
urgentemente para garantir que centenas de milhares de pessoas deslocadas no nordeste do país sejam protegidas.
De
acordo com relatório divulgado recentemente pelo Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF), além das 2,6 milhões de pessoas atualmente deslocadas na
região do Lago Chade por causa da violência provocada pelo Boko Haram, cerca de
2,2 milhões de pessoas estão sob cerco em áreas controladas pelo grupo armado —
metade delas crianças.
“A
situação já não deve ser subestimada e não é tarde para salvar muitas vidas”,
disse Chaloka Beyani, em comunicado à imprensa emitido pelo Escritório do Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
“O
governo deve agir com urgência para garantir que alimentos, abrigo, cuidados
médicos, água, saneamento e outros serviços essenciais cheguem aos deslocados
sem demora”, acrescentou.
O
relator especial também expressou preocupação com a falta de atenção e de
recursos internacionais para atender as necessidades dos civis, e pediu aos
doadores que forneçam suporte para atender necessidades imediatas, bem como
para melhorar o apoio a longo prazo na região.
Ele
observou que civis, incluindo crianças, que deixam as áreas recentemente
libertadas pelas forças do governo, enfrentam desnutrição avançada e traumas
profundos, sinalizando que o acesso humanitário é limitado em algumas áreas
devido a preocupações de segurança.
“Devido
a uma subestimação da crise, os recursos só vão cobrir as necessidades para um
período muito curto de tempo e serão em breve ultrapassados pelas altas
demandas.”
Chaloka
acrescentou ainda que a maioria dos deslocados vive fora de acampamentos, com
pouca ou nenhuma assistência, e que medidas urgentes são necessárias para
prestar assistência a essas pessoas, bem como às comunidades de acolhimento.
Durante
sua visita, o relator especial visitou campos de deslocados na cidade de
Maiduguri, onde, segundo ele, a comida é escassa, os cuidados médicos são
insuficientes e as pessoas estão em necessidade urgente de proteção, apoio
psicológico e aconselhamento.
Ele
citou também relatos de mulheres e meninas que são abusadas sexualmente e
afirmou que a gravidez e o casamento precoces são comuns.
“Muitas
mulheres não denunciam os abusos devido à estigmatizarão, a fatores culturais e
por conta da impunidade.”
Beyani
também destacou algumas medidas positivas tomadas pelo governo, incluindo um
plano para reabilitar o nordeste da Nigéria e o estabelecimento de sistemas de
supervisão por parte do Parlamento.
Um
relatório completo sobre a visita ao país será apresentado ao Conselho de
Direitos Humanos da ONU em junho de 2017.
Fonte: ONUBR-Nações Unidas no Brasil