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domingo, 21 de agosto de 2016

Lula não é dono de triplex do Guarujá e agora PF investiga a Globo

As Organizações Globo, proprietárias de um grupo de emissoras de rádio, canais de TV, jornais e revistas, em todo o país, pressionavam as autoridades com uma exposição massiva e diária do caso.
Por Redação – de Guarulhos (SP), Santos (SP) e São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava reunido com a direção nacional da Centra Única dos Trabalhadores (CUT), na noite desta quinta-feira, com dirigentes sindicais de todo o país, quando soube que a Polícia Federal (PF), em relatório final sobre as investigações sobre um apartamento triplex, no Guarujá, cuja propriedade fora atribuída ao líder petista. Uma decisão do juiz Sergio Moro, titular da Vara Federal do Paraná, chegou quase a determinar o sequestro de Lula, impedido por ordem do Comando da Aeronáutica de ser levado em um avião da PF para Curitiba, no início deste ano.

As Organizações Globo, proprietária de um grupo de emissoras de rádio, canais de TV, jornais e revistas, em todo o país, pressionavam as autoridades com uma exposição massiva e diária do caso. A notícia de que Lula não tem qualquer ligação com o imóvel investigado, no entanto, foi levada ao rodapé das publicações e nenhuma nota nos noticiários televisivos. O apartamento, na realidade, pertence à publicitária Nelci Warken.

Warken foi indiciada após admitir ser dona do triplex, alvo de investigação da fase Triplo X, da Operação Lava Jato. O relatório concluído foi entregue pela PF à Justiça na última sexta-feira, mas divulgado pelo juiz Moro somente na noite desta quinta-feira. Além de Warken, foram indiciados cinco funcionários da empresa Mossack Fonseca no Brasil: Maria Mercedes Riaño, Luis Fernando hernandez, Rodrigo Andrés Cuesta Hernandez, Ricardo Honório neto e Renata Pereira Britto, além do empresário Ademir Auada, intermediário de negócios para a empresa. Lula e seus parentes também não receberam, até agora, um pedido de desculpas, formal, por parte da Justiça e das Organizações Globo.

Mansão da Globo
No relatório de cinco páginas, a PF descreve a Mossack Fonseca como uma “organização criminosa de caráter transnacional, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, voltada para a prática do crime de lavagem de dinheiro”. A Mossack Fonseca tornou-se conhecida no Brasil após a divulgação da série jornalística Panama Papers, em abril deste ano, por um grupo de jornalistas independentes. A série baseou-se em um acervo de 11,5 milhões de documentos internos da Mossack, obtido pelo jornal alemão “Süddeutsche Zeitung” e compartilhado com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ).

Mansão em Paraty, foi construída em terreno público federal, segundo laudo da Marinha
“As diligências efetuadas revelaram que a atividade principal da Mossack guardava relação com a abertura de empresas offshore, de forma a ocultar seus verdadeiros sócios e responsáveis. Nesse sentido, todos os que trabalhavam na empresa tinham plena ciência de que atuavam em um mercado voltado à demanda do trânsito de valores e bens de origem suspeita e duvidosa. Por tal motivo, foram indiciados como incursos no art. 1, par. 2º, inciso II da Lei 9.613/98”, diz outro trecho do relatório. A lei mencionada é a que trata de lavagem de dinheiro.

A investigação jornalística dos Panama Papers é citada em vários momentos nos relatórios produzidos pela Polícia Federal. Em alguns trechos, os peritos da Polícia utilizaram-se de reportagens para analisar documentos apreendidos na sede da Mossack Fonseca e na casa das pessoas que foram alvo da fase Triplo X. Entre os citados estão jogadores de futebol e políticos de vários países como Maurício Macri, da Argentina, e Michel Platini, o francês que pretendeu ser presidente da Fifa.


Um dos negócios da Mossack Fonseca, no Brasil, é uma propriedade de alto luxo em Parati, no Sul do Estado do Rio de Janeiro. A mansão, construída ilegalmente em área de preservação ambiental, naquele município, foi noticiada no canal de TV norte-americano Bloomberg, em 2012, como sendo da família Marinho, dona das Organizações Globo. Os filhos do fundador do conglomerado empresarial, Roberto Marinho, já falecido, negam a propriedade do imóvel, mas a PF ainda investiga o caso.

Fonte: Correio do Brasil

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