“Estudantes pela
Liberdade” (EPL) são financiados por corporação petroleira norte-americana que
ataca direitos indígenas, depreda ambiente e tem interesse óbvio em atingir a
Petrobras
David Koch se divertia dizendo que fazia parte “da maior
companhia da qual você nunca ouviu falar”. Um dos poderosos irmãos Koch, donos
da segunda maior empresa privada dos Estados Unidos com um ingresso anual de
115 bilhões de dólares, eles só se tornaram conhecidos por suas maldosas
operações no cenário político do país.
Se esses poderosos personagens
são desconhecidos nos Estados Unidos, o que se dirá no Brasil? No entanto eles
estão diretamente envolvidos nas convocações para o protesto do dia 15 de março
pela deposição da presidenta Dilma.
Segundo a Folha de São Paulo o “Movimento Brasil Livre”, uma organização
virtual, é o principal grupo convocador do protesto. A página do movimento dá
os nomes de seus colunistas e coordenadores nos Estados. Segundo o The
Economist, o grupo foi “fundado no último ano para promover as
respostas do livre mercado para os problemas do país”.
Entre os “colunistas” do MBL
estão Luan
Sperandio Teixeira, que é acadêmico do curso de Direito
Universidade Federal do Espírito Santo e colaborador da rede Estudantes Pela
Liberdade (EPL) do Espírito Santo [leia a
ressalva feita por
Luan, em mensagem a “Outras Palavras”];Fabio
Ostermann, que é coordenador do mesmo movimento no Rio Grande
do Sul, fiscal do Instituto de Estudos Empresariais (IEE) e diretor executivo
do Instituto Ordem Livre, co-fundador da rede Estudantes Pela Liberdade (EPL),
tendo sido o primeiro presidente de seu Conselho Consultivo, e atualmente,
Diretor de Relações Institucionais do Instituto Liberal (IL). Outros
participantes são Rafael
Bolsoni do
Partido Novo e do EPL;Juliano Torres que
se define como empreendedor intelectual, do Partido Novo, do Partido
Libertários, e do EPL.
Segundo o perfil de Torres no
Linkedin, sua formação acadêmica foi no Atlas Leadership Academy. Outro
integrante com essa formação é Fábio Osterman, que participou também do Koch
Summer Fellow no Institute for Humane Studies.
A Oscip Estudantes pela
Liberdade é a filial brasileira do Students for Liberty, uma organização
financiada pelos irmãos Koch para convencer o mundo estudantil da justeza de
suas gananciosas propostas. O presidente do Conselho Executivo é Rafael Rota
Dal Molin, que além de ser da Universidade de Santa Maria, é oficial de
material bélico (2º tenente QMB) na guarnição local.
Outras das frentes dos irmãos
Koch são a Atlas Economic Research Foundation, que patrocina a Leadership
Academy, e o Institute for Humane Studies, às quais os integrantes do MBL estão
ligados.
Entre as atividades danosas
dos irmão encontra-se o roubo de 5 milhões de barris de petróleo em uma
reserva indígena (que acarretou uma multa de 25 milhões de dólares do governo
americano) e outra multa de 1,5 milhões de dólares pela interferência em
eleições na Califórnia. O Greenpeace considera os irmãos opositores
destacados da luta contra as mudanças climáticas. Os Koch foram multados
em 30 milhões de dólares em 300 vazamentos de óleo.
As Koch Industries têm
suas principais atividades ligadas à exploração de óleo e gás, oleodutos,
refinação e produção de produtos químicos derivados e fertilizantes. Com esse
leque de atividades não é difícil imaginar o seu interesse no Brasil — a
Petrobras é claro. Seus apaniguados não escondem esse fato.
O MBL, que surgiu em apoio à
campanha de Aécio Neves, não esconde o que pretende com a manifestação: “O
principal objetivo do movimento, no momento, é derrubar o PT, a maior nêmesis
da liberdade e da democracia que assombra o nosso país” disseram Kim Kataguiri
e Renan Santos em um gongórico e pretensioso artigo na Folha de
S.Paulo. Eles não querem ser confundidos com PSDB, que identificam
com o outro movimento: “os caras do Vem Pra Rua são mais velhos, mais ricos e
têm o PSDB por trás” diz Renan Santos. “Eles vão pro protesto sem pedir
impeachment. É como fumar maconha sem tragar”. Kataguiri não se incomoda que
seja o PMDB a ascender ao poder: “O PMDB é corrupto, mas o PT é totalitário”.
Mas Pedro Mercante Souto, outro dos porta-vozes do MBL, foi candidato a
deputado federal no Rio de Janeiro pelo PSDB (com apenas 0,10% dos votos não se
elegeu).
Apesar do distanciamento do
PSDB a manifestação do dia 15 parece ser apenas uma nova tentativa de 3º turno,
mas como vimos ela esconde uma grande negociata. “Business as usual”.
[Este é o blog do site Outras Palavras em CartaCapital. Aquivocê vê o site completo]
por Antonio Carlos
Fonte: Carta Capital