Os movimentos populares e sociais é a
forma mais legítima do cidadão manifestar os seus anseios, perante o estado.
Toda vez que a sociedade civil é convocada para dar a sua cota de participação
e colaboração em prol da democracia, ela corresponde, basta fazer um
levantamento das revoltas populares que aconteceram desde a invasão dos
portugueses ao nosso território no século XV, que tinham como objetivo
principal transformar o Brasil em colônia de exploração.
Nesse sentido a sociedade civil
foi protagonista em várias batalhas que aconteceram no período colonial. Essas
batalhas muitas vezes eram pela própria sobrevivência e contra um regime
escravocrata que desencadeava uma forte revolta entre os índios, negros e
populares que não faziam parte do clã imperial.
No dizer do professor Paulo Freire
(1978, p. 196) Se as massas populares dominadas, por todas as considerações já
feitas, se acham incapazes, num certo momento histórico, atender a sua vocação
de ser sujeito, será pela problematização de sua própria opressão, que implica
sempre numa forma qualquer de ação, que elas poderão fazê-lo.
Nesse contexto devemos invocar os
populares a aderir em parte ou em sua totalidade as ações mais estratégicas
para se chegar ao objetivo final, que é mostrar para o estado a sua revolta,
pois os estragos de sua política de inoperância ficam evidenciados nas camadas
menos favorecidas da sociedade dominada pelo capitalismo.
Com este cenário de complexidades e
incertezas, os populares assumem o seu papel de transformador
da história em seus agrupamentos e organizações, com isso ocupa uma pequena
parcela no cenário político e
social, e mostra para a base
popular a diferença entre o estado operante e o estado inoperante. Dessa forma
os movimentos sociais e populares vêm se constituindo no passar dos anos.
De acordo com José Jobson de A. Arruda e
Nelson Piletti (2007, p. 347) o processo de colonização das terras conquistadas
pelos portugueses na América teve um caráter conflituoso desde o século XVI.
Embora o Primeiro encontro entre conquistadores e nativos tenha sido pacífico,
as tentativas posteriores de escravização dos indígenas provocaram tensões que
não raras vezes explodiam em conflitos armados. A isso se somou escravização de
africanos, que introduziu na colônia novos elementos de tensão étnica e social.
Nesse sentido a composição do movimento popular se baseia na
atuação que as organizações desempenham em todos os espaços de luta da
coletividade. Por este motivo o movimento popular se constitui em grupos e
organizações da sociedade civil organizada que atuam em várias frentes da
comunidade, e são controladores de algumas ferramentas de uso coletivo.
Ideologicamente o movimento popular e contra as classes dominantes e burguesas
e pressupõe um caráter de classe social e com um papel específico dentro da
comunidade, e onde os seus integrantes procuram manter uma postura de
fiscalizador das ações do estado dentro da esfera municipal, estadual e
federal.
Destacamos que o movimento popular luta
por garantia de direitos, essas garantias podem ser transformadas em políticas
públicas permanentes, e de uso coletivo. Vejamos que a questão central do
movimento popular é basicamente construir um novo formato de atuação das
organizações da sociedade civil organizada que luta por melhorias e condições
de vida da população, e contra o controle ideológico das classes dominantes.
Portanto e nós espaços de luta da
sociedade civil organizada, que se consolidam o papel do agente popular, que é
específico para cada tipo de movimento, e com o passar do tempo esses vão firmando
a sua identidade dentro da comunidade, que passa a ter esse como referência no
controle dos programas de estado.
Já os movimentos sociais têm outro
formato de atuação, pois esses buscam em sua essência um espaço mais amplo nas
lutas por garantias de direitos em várias frentes, vamos dar como exemplo o
movimento estudantil, embora não seja considerado por muitos um movimento
social devido à origem das pessoas envolvidas, que na maioria pertenciam a
chamada classe dos pequenos burgueses, é um movimento com característica social
e de mobilização de massa. É a pura expressão política das ações que permeiam o
sistema dependente em sua totalidade e não simplesmente fundamentada em um
posicionamento ideológico de uma classe ou visão de mundo.
Esse exemplo é para falar que na onda do movimento estudantil, vieram outros
movimentos de classes sociais, que se destacaram pelo volume de pessoas que
levam às praças públicas do Brasil, destacamos o movimento dos trabalhadores
rurais sem terra (MST). Esse movimento desencadeou no começo da década de 80 e
pressionou vários governos a fazer a tão sonhada reforma agrária no Brasil que
contemplasse com segurança aqueles trabalhadores que realmente necessitavam de
terra. O LGTB que está surgindo como o movimento de massa do século XXI. Esse
movimento merece destaque pela coragem de seus organizadores e participantes,
mostrar à cara a uma sociedade que carrega em sua história marcas secular de um
preconceito voraz, é no mínimo revolucionário.
Como relata Nelson Dacio Tomazi (2000,
p. 232). A forma de organização de um movimento tem conseqüências importantes
com relação a sua dinâmica interna e externa. Internamente, observa-se que uma
organização sem a devida hierarquia entre liderança e base pode favorecer certo espontaneísmo das ações, o que levaria à
falta de controle do movimento, resultando em seu próprio prejuízo. Por outro
lado, uma organização fundada num corpo de lideres afastado da base pode ser
conduzida a práticas autoritárias e elitistas, com os demais participantes
desempenhando o papel de “massa de manobra”.
Outro movimento que vem ganhando corpo,
por sua complexidade é o movimento dos trabalhadores sem teto (MTST) que teve o
seu surgimento em 1997 em virtude da necessidade de organizar no Brasil a
reforma urbana e garantir moradia a todos os trabalhadores e a todos os
cidadãos, esse movimento tem característica social com o seu surgimento no
campo e nas grandes metrópoles.
Pegamos
como exemplo os movimentos sociais e populares citados nas linhas anteriores,
para destacar a importância da mobilização da sociedade civil organizada, que
em certas circunstâncias renunciam parte de seu tempo para fazer o levante das
problemáticas que afligem a população das camadas populares e nas grandes
metrópoles do país, com isso procuram-se dar um certo destaque em demandas
emergências que na sua maioria acontecem por pura incompetência do estado, que
não cumpre o papel de direcionador das políticas públicas para o
desenvolvimento humano das classes sociais. Texto: Elias Silva